terça-feira, 1 de novembro de 2011

Energia é desafio para país crescer

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01/11/2011

Para atender o consumo nos próximos anos, Brasil vai ter de diversificar matriz, o que abre espaço para usinas nucleares

“O Brasil tem de dobrar o seu atual sistema energético para atender o crescimento do consumo. São 10 anos para construir o que fizemos em toda a história”, alertou Altino Ventura Filho, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), no Congresso Internacional de Energia Nuclear, realizado em Belo Horizonte. Entre os especialistas participantes, o consenso foi de que o país precisa diversificar a sua matriz energética e não pode abrir mão de nenhuma fonte de energia, incluindo a nuclear.

De 2010 para 2020, a população brasileira ampliaria de 192 milhões de habitantes para 205 milhões – um avanço de 1,3 milhão de pessoas ao ano. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita saltaria de R$ 16.705 para R$ 25.424 – uma alta de entorno de 5% ao ano. “Sem energia não há como o país crescer. Na China, 80% da matriz vem do uso do carvão. Eles inauguram uma usina a cada quatro dias. É assustador”, afirma Ventura Filho.

A energia nuclear representa 13% da matriz mundial e 2,7% da matriz brasileira. De acordo com o planos do governo brasileiro, a energia pode passar a ter participação de quase 5%. As usinas Angra 1 e Angra 2 estão em operação, Angra 3 está em construção e deve entrar em operação em 2015. O planejamento do governo federal prevê mais uma usina até 2020, outras duas até 2025 e mais uma em 2030, destaca Edson Kumarato, presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben). Os locais ainda estão em estudo, mas provavelmente serão duas às margens do Rio São Francisco e duas no litoral da Região Sudeste. O orçamento para cada usina, com capacidade de geração de 1 mil megawatts, o suficiente para abastecer a cidade do Rio de Janeiro, é de aproximadamente US$ 5 bilhões.

De acordo com Ventura Filho, a expansão do sistema será de 70.000 megawatts/ano entre 2010 e 2020. Daí até 2030, o avanço será menor, 60.000 megawatts/ano. “Temos indicações para traçar um cenário até 2030, mas há dúvidas quanto ao cenário internacional”, explica. Segundo ele, os locais para construção de hidrelétricas estão se esgotando e se concentram na Amazônia, onde qualquer empreendimento se depara com obstáculos de ordem ambiental. Eólica, biomassa e solar não garantem 24 horas de energia por dia, nos 365 dias do ano. O gás natural depende da exploração do pré-sal e ainda assim é considerado de nobre uso para energia elétrica. Assim, abre-se espaço para a energia nuclear, que também é a que menos emite gás carbônico (CO2).

Potência Leonan dos Santos Guimarães, assistente da presidência da Eletronuclear, disse que o Brasil está entre os três países que, além de possuir reservas de urânio, detém o ciclo completo para o enriquecimento do urânio, ao lado dos Estados Unidos e Rússia. É o sexto produtor mundial do minério, com cerca de 300 mil toneladas de concentrado asseguradas. Poderão se somar a esse montante, mais 800 mil toneladas adicionais inferidas, que o tornariam a primeira ou segunda maior reserva mundial. Porém, o país não participa do mercado internacional. “Vale a pena sim investir em usinas nucleares no Brasil para atender à necessidade crescente de geração térmica que o sistema vai requerer a mínimo custo e sem gerar gás de efeito estufa”, afirmou.

A produção brasileira de concentrado, monopólio da União exercido pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB), se limita a atender ao consumo interno de cerca de 400 toneladas por ano demandado pela Eletrobrás Eletronuclear para as recargas de Angra 1 e Angra 2. A construção de Angra 3 aumenta a demanda em 840 toneladas para a fabricação de sua primeira carga até 2015 e, a partir de 2016, 280 toneladas adicionais por ano para suas recargas.

Guimarães também chamou a atenção para o nível de segurança cada vez maior. Depois de novas regras divulgadas pela Agência Internacional de Energia Atômica, em razão do acidente em Fukushima, no Japão, em março deste ano, a Eletrobrás Eletronuclear planeja investimento de R$ 300 milhões em programa de melhoria contínua das usinas de Angra nos próximos cinco anos.
Estado de Minas

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