sexta-feira, 4 de março de 2011

Aquisição de mineradoras é recorde.

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[ 04/03/2011 ] [Valor Econômico - On Line / Impresso - Empresas ]
Com o sugestivo título "Você não pode ter sempre o que deseja", um clássico dos Rolling Stones dos anos 60, a consultoria britânica Price waterhouseCoopers divulgou ontem relatório sobre operações de fusões e aquisições na indústria de mineração em 2010 e durante a primeira década do século XXI. Somente no ano passado, a PwC levantou 2.693 negócios globais no valor de US$ 113 bilhões, que no acumulado de dez anos totalizou 11 mil transações com valor fechado de US$ 785 bilhões, um recorde, indicando que esta foi "a década do setor de mineração".
 
 
A consultoria prevê que o ritmo da atividade de fusões e aquisições e os valores das transações vão subir em 2011, mas não necessariamente a performance histórica do período 2001/2010 deverá se repetir. Tim Goldsmith, líder global de mineração da PwC, destaca que "em 2011, nós acreditamos que vai ser mais importante que nunca as mineradoras trabalharem proativamente com seus controladores para evitar quebra de acordos (como aconteceu com a BHP Billiton). Além disso, a continuação de uma onda de fusões e aquisições não é uma coisa certa na indústria de mineração. Enquanto a maioria de nós vê a história de crescimento dos mercados emergentes como uma verdade inevitável, outros questionam a sustentabilidade desse crescimento meteórico. Distúrbios políticos, instabilidade macro são ambos claros e atuais perigos para fusões e aquisições em mineração atualmente".
 
 
Para a PwC, um dos maiores desafios que as mineradoras vão encarar em 2011 é o de superar as barreiras do crescimento das críticas de governos, acionistas e Organizações Não Governamentais (Ongs), que em alguns casos chegam até mesmo a barrar as transações. Em 2010, por exemplo, o governo do Canadá barrou a compra da Potash pela BHP Billiton, que fez uma oferta de US$ 40 bilhões pela empresa de fertilizantes. A expectativa da Price para os próximos doze meses é de mais ofertas hostis nas empresas juniores envolvidas em projetos de terras raras, urânio e de indústrias extrativas, como o shale (gás de xisto), já que segurança energética passou a ser largamente uma preocupação global. A antecipação de pressão de alta no valor das transações pode levar as companhias mais seniores do setor a investirem mais no crescimento orgânico, projeta.
 
 
Apesar do bom resultado de fusões e aquisições em 2010, a China encolheu a participação nesse negócio e respondeu por apenas 6% dessas operações. Os chineses foram um pequeno "player" nesse mercado se comparada com os canadenses, que responderam por 36%, Estados Unidos (16%) e australianos (16%). Ainda no ano passado, a PwC ressaltou que foi sentida a ausência de negócios grandes (acima de US$ 10 bilhões) na indústria de mineração. Apenas a megaoferta da BHP Billiton pela Potash foi considerado um grande negócio que não aconteceu.
 
 
A maior transação fechada de 2010 foi a compra da Newcrest Mining's pela Lihir Gold por US$ 8,7 bilhões. Aliás, os negócios com empresas de ouro foram os alvos mais procurados no ano passado, representando 44% e 31% das operações de M&A em volume e valor. Em segundo lugar, as negociações com ativos de carvão, equivalentes a 5% em volume e 19% em valor, equivalente a US$ 14 bilhões. A maior transação neste segmento foi a compra do controle da Riverdale's pela Rio Tinto, por US$ 3, 8 bilhões.
 
 
A área de fertilizantes também surgiu como novidade. Em volume de transações, ela representou apenas 1%, mas chegou a 15% em dólares. A Vale é citada no relatório da PwC como uma das grandes consolidadoras do setor no ano passado. A "gigante sul americana" adquiriu por US$ 4,7 bilhões ativos de fertilizantes da Bunge. No minério de ferro, a maior operação também foi da Vale, que pagou US$ 2,5 bilhões pela BSG Resources, um conjunto de depósitos de minério de ferro na Guiné.
 
 
Na lista das maiores transações da década (acima de US$ 10 bilhões) a PwC nomeia a compra da Inco pela Vale (US$ 20 bilhões) e da TeckCominco pela Fording (US$ 12 bilhões).

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