quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Usiminas investirá para ser autossuficiente em energia.

24/02/2011

São Paulo - Após a decisão de se tornar autossuficiente em minério de ferro para evitar a volatilidade de preços deste que é um dos principais insumos para a sua atividade fim, a Usiminas quer investir agora em eficiência energética de suas instalações e em geração de energia para não precisar mais recorrer ao mercado. A meta da companhia é reduzir seus custos em cerca de R$ 350 milhões ao ano a partir de 2015, quando esses investimentos, ainda sem um valor definido, estiverem concluídos.

De acordo com o presidente da companhia, Wilson Brumer, a Usiminas consome 450 MW de energia e desse volume apenas 100 MW tem origem própria. O restante é adquirido por meio de contratos no ambiente livre de contratação. Essa diferença de 350 MW, disse o executivo, poderá ser suprida internamente com a otimização de processos e modernização de equipamentos. A Usiminas avalia ainda, até mesmo, no investimento em ativos de geração de energia hidroelétrica, porém, a empresa afirma que não há nenhum projeto no alvo. "A determinação do conselho de administração é de que até 2015 tenhamos toda a energia que consumimos sendo gerada internamente", afirmou ele. "Essa redução de consumo pode ser obtida via melhoria contínua de processos internos, com a modernização de equipamentos que apresentam defasagem tecnológica e um mix de insumos energéticos como o gás natural que chegou recentemente a Ipatinga ou os gases resultantes da operação de alto-fornos em ciclo combinado com carvão em uma unidade de co-geração", completou o executivo.

Entre as alternativas tecnológicas que poderão ser utilizadas pela companhia está a aplicada na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) que produz toda a energia que consome por meio de uma termoelétrica própria no ciclo que combina os gases dos alto-fornos com carvão mineral.

Enquanto a empresa não define os aportes que serão feitos para alcançar essa autossuficiência em energia, a empresa projeta investimentos de R$ 2,8 bilhões este ano. Apesar do valor, esse volume de recursos representa uma queda de 14% ante o recorde de R$ 3,2 bilhões aplicados em 2010.

"A tendência para este é reduzir o volume de investimentos uma vez que uma grande parte foi feita no ano passado para a expansão de nossa capacidade produtiva", afirmou Brummer. A Usiminas prevê colocar em operação na Usina de Ipatinga, a nova linha de galvanização ainda no primeiro semestre. O projeto vai ampliar em 550 mil toneladas a capacidade instalada de produção de aços galvanizados para a indústria automotiva. Além disso, há o novo laminador de tiras a quente, em construção na Usina de Cubatão (SP).

Já a Mineração Usiminas vai investir, a partir deste ano, R$ 550 milhões para a construção de novas plantas de concentração de Sinter Feed e Pellet Feed, responsáveis por elevar a capacidade produtiva de 7 para 12 milhões de toneladas, ao final de 2012. Os investimentos para os próximos quatro anos nessa atividade são estimados em R$ 4,1 bilhões, o que elevará a capacidade de produção a 29 milhões de toneladas em 2015.

Importados

Brumer afirmou ontem que a expectativa da Usiminas é de que o Brasil compre menos aço de outros paises este ano do que o registrado em 2010. A redução esperada pela siderúrgica fica entre 40% e 50% sobre os 5,9 milhões de toneladas de aço bruto e outros 4,2 milhões de toneladas de aço transformados que entraram no País no ano passado.

Com isso, a empresa negocia a redução dos descontos aplicados aos distribuidores e à indústria. Esse processo começará a partir de março, de acordo com o vice-presidente de Negócios da Usiminas, Sergio Leite. A medida poderá levar a empresa a um aumento nas margens se as vendas entre abril e junho acompanharem o ritmo do ano passado, com 75% do total comercializado para o mercado interno e o restante para o mercado externo.

Resultado

No consolidado de 2010, as vendas físicas da empresa somaram 6,6 milhões de toneladas, um aumento de 17% ante o ano anterior. A receita líquida alcançou o valor de R$ 13 bilhões em 2010, 19% superior à obtida em 2009. Com isso, encerrou o ano passado com lucro líquido de R$ 1,6 bilhão, crescimento de 24% em relação a 2009. Nesse período a produção de aço bruto alcançou 7,3 milhões de toneladas, 29% acima de 2009. Em relação aos produtos laminados, o volume foi 24% superior, com 7 milhões de toneladas. A produção de minério de ferro foi de 6,8 milhões de toneladas em 2010, o que corresponde a um crescimento de 25%.
DCI

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