sexta-feira, 6 de maio de 2011

América Latina se destaca como região com a maior expansão em investimentos

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06/05/2011


O crescimento acelerado dos países da América Latina após a crise financeira de 2009 tem destacado a região no cenário global, a ponto de surgir como um novo Eldorado para o capital externo produtivo — são aportes de capital, empréstimos entre filiais, fusões e aquisições de empresas, além da ampliação de fábricas e novas instalações. O fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) de multinacionais nas nações de línguas espanhola e portuguesa do Hemisfério Ocidental deu um salto de 40% no ano passado, em relação ao ano anterior, para R$ 112,6 bilhões, conforme dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). O volume só ficou abaixo do recorde de R$ 134,5 bilhões registrados em 2008, ano em que o mundo começaria a contabilizar os estragos da crise mundial.

Enquanto os latino-americanos despontam, os países desenvolvidos seguem na contramão do fluxo de investimentos produtivos. Entre os ricos, houve queda 7% de IED no ano passado, de acordo com o estudo da entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). As economias em desenvolvimento ainda superaram as industrializadas, recebendo 53% do volume total de capital de investidores estrangeiros no planeta. A América Latina respondeu por 10% do total e por um percentual duas vezes maior do que o registrado em 2007. As empresas latinas e caribenhas também investiram um volume recorde no exterior: US$ 43,1 bilhões, quase quatro vezes mais que os recursos aplicados em 2009.

“Os países latino-americanos estão cada vez mais atraentes para os investidores estrangeiros. A tendência é de crescimento do fluxo de IED (investimento estrangeiro direito), que deverá saltar de 15% a 25%. No ano passado, esperávamos um crescimento entre 35% e 45%”, comentou a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena.

Confiança

O Brasil foi o país que mais recebeu investimentos externos. No total, foram US$ 48,4 bilhões em 2010, volume 87% superior ao registrado em 2009, quando foram aplicados US$ 25,9 bilhões. “Esse volume superou o de investimentos registrado antes da crise financeira, de US$ 45 bilhões”, comentou o diretor do escritório da Cepal em Brasília, Ricardo Bielchowsky.

Já o México ficou em segundo lugar no ranking da América Latina, atraindo US$ 17,7 bilhões. Mas inverteu posição com o Brasil na lista dos países da região que mais investiram no exterior. As companhias mexicanas aportaram US$ 12,7 bilhões, enquanto as brasileiras, US$ 11,5 bilhões.

Na avaliação do vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a aceleração do fluxo de investimento estrangeiro produtivo na região é resultado da confiança dos investidores nos mercados latino-americanos. “O período de incertezas sobre os países emergentes ficou para trás. A expansão do mercado interno e a estabilidade política e econômica permitem uma aposta mais firme dos investidores estrangeiros nos países da América Latina”, comentou.

“No Brasil, não é diferente. A realização de grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, tem atraído o capital externo em setores produtivos”, acrescentou Oliveira. Ele lembrou que os recentes anúncios de novas fábricas, como a de produtos da Apple no Brasil, reforçam a aposta internacional na região. “Mas os riscos de inflação ainda preocupam a maioria dos investidores. As medidas que os bancos centrais é que garantirão a continuidade dessa confiança”, destacou.

Chineses

Um dos destaques do estudo foi o surgimento da China como um dos principais investidores da América Latina. Ficou em terceiro lugar, com 9% de participação, atrás de Estados Unidos (17%) e Holanda (13%). “A grande surpresa para nós é o aparecimento da China com investimentos na América Latina. Antes, era praticamente zero e, hoje, é o país que mais cresce na região. É uma novidade”, afirmou a secretária executiva da Cepal. Empresas chinesas fizeram aportes de US$ 15,2 bilhões no continente.

Os investimentos chineses se concentraram no setor de recursos naturais, com destaque para a mineração de cobre no Peru e o petróleo no Brasil e na Argentina. Para este ano, os investimentos do país asiático anunciados na região já somam US$ 22,7 bilhões. Serão US$ 9,8 bilhões no Brasil e US$ 8,6 bilhões no Peru. Entre 1990 e 2009, os desembolsos provenientes da China na América Latina somaram US$ 7,3 bilhões. A aposta da secretária é de que a região se transforme em destino dos investimentos com alto conteúdo tecnológico — vocação ainda tímida, quando comparada à atração por esse tipo de capital em outras regiões. “Os investimentos futuros em telecomunicações serão um dos mais importantes em tecnologia e contribuirão para o desenvolvimento do continente”, previu Alicia.

O fluxo de investimento estrangeiro na América do Sul avançou 56%, um desempenho maior que a média da região. Já na América Central, cresceu 16%. No Caribe, teve queda de 18%. A indústria de software é um dos setores que vêm se destacando e atraindo investidores externos. A região atraiu 6% dos projetos contabilizados entre 2003 e 2010, segundo o estudo da Cepal. De acordo com Alicia, as cidades de São Paulo, Córdoba (Argentina) e Guadalajara (México) são as que mais atraíram recursos aplicados para o desenvolvimento e pesquisa em tecnologia da informação.

SALTO DE 217% ATÉ MARÇO

Na comparação entre trimestres, o fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil mais do que triplicou de janeiro a março deste ano, totalizando US$ 17,4 bilhões. Nesse intervalo, o volume foi 217% superior aos US$ 5,5 bilhões registrados em 2010, conforme números do Banco Central. A expectativa do BC é de que, neste ano, os investimentos externos avancem 13,64% sobre os US$ 48,4 bilhões do ano passado, atingindo US$ 55 bilhões.

“A economia brasileira tem conquistado maturidade e isso vem estimulado os investimentos produtivos no país, mas também os não produtivos, que já somam US$ 35 bilhões e estão próximos do total realizado em 2010”, destacou o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira.
Correio Braziliense

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