segunda-feira, 16 de maio de 2011

Minério nacional está imune à redução de aço na China

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16/05/2011


São Paulo - O anúncio de que a China pretende diminuir a capacidade de produção de aço em 26,27 milhões de toneladas até o final de 2011 "não deverá ocasionar impacto na importação de minério de ferro do Brasil", o segundo maior produtor do insumo no mundo. A afirmação é do diretor de Assuntos Minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Marcelo Ribeiro Tunes.

Em abril, a Associação Mundial do Aço (Worldsteel) já apontava indícios de desaceleração da China com a expectativa de que recuasse de 5,1%, valor correspondente ao ano de 2010, para 5% de crescimento na capacidade de utilização neste ano. "As quedas não são grandes se comparadas aos montantes que a China produz", disse o diretor, que afirma que em longo prazo o consumo daquele país se manterá. "O processo de urbanização da China, que está realocando 800 milhões de chineses do campo para a cidade, vai demandar muito aço ainda."

De acordo com ele, apesar de os chineses produzirem 500 milhões de toneladas por ano para consumo próprio, a qualidade do minério de ferro brasileiro é muito superior à do chinês. Portanto, vão continuar importando metade da produção da commodity nacional. Em 2010, a produção nacional chegou a 370 milhões de toneladas. Além do Brasil, o minério será comprado da Austrália e da Índia.

Para Tunes, a urbanização chinesa em ritmo acelerado é um dos aspectos que farão com que o governo privilegie usinas mais novas e de potencial tecnológico mais produtivo e rentável, abolindo, assim, as mais poluentes e anacrônicas, um dos motivos do recuo, conforme avaliam analistas.

O diretor Executivo do Instituto Aço Brasil (IABR), Marco Polo de Mello Lopes, também acredita que o dado transmitido pelo Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação do país oriental pouco afetará a balança do mercado mundial. No caso, a retração não contribui com a queda do excedente do metal no mundo. "A China vem movimentando o motor de consumo de aço e está operando com capacidade e demanda muito alta", disse Lopes, ao analisar que o mais importante será o fechamento do balanço siderúrgico no fim do ano. Atualmente o planeta tem capacidade instalada de produção de 1,9 bilhão de toneladas (t), mas a demanda não passa de 1,35 bilhão de toneladas.

O diretor explica que no início da década passada a China solucionou o problema do excedente de capacidade ao importar 120 milhões de toneladas de aço para empregar no crescimento do país. No entanto, nos últimos três anos o jogo virou. Hoje a China vem preocupando o restante dos países com a hipótese de inundar o mercado com o excedente que possui, uma vez que é o maior produtor de aço do mundo, gerando 790 milhões de toneladas anualmente.

O mercado interno chinês consome 680 milhões de toneladas anualmente, porém outro agravante preocupa o executivo do IABR. "Se, por um lado, divulgam que vão eliminar 26 milhões de toneladas, por outro, não apontam a abertura de outras siderúrgicas."

No contrafluxo do que afirmou o governo chinês na semana passada, o conselho administrativo da empresa Baoshan Iron & Steel Co., unidade do grupo Baosteel, disse que as siderúrgicas chinesas deveriam registrar 40 milhões de toneladas de capacidade de produção de aço a mais em 2011 no início de maio. Lopes informou que o governo chinês dita uma política de restrição às indústrias de aço locais, mas as províncias desrespeitam as regras do poder público e acabam por inflar a produção. Estima-se que haja cerca de 700 pequenas siderúrgicas sem cuidado ambiental em operação na China. O agravamento da situação climática também estimula o breque da produção.

O corte ficará concentrado nas províncias de Shanxi, Hebei, Shandong, e Henan, entre outras.O plano de recuo de fabricação também se estende a metais não ferrosos e à fundição de ferro. "A China produz aço de forma exorbitante, mas utiliza fornos antiquados e ultrapassados que gastam muita água e poluem demais", disse o analista da Consultora SLW Pedro Galdi.

O analista é da opinião de que a redução é também uma questão ambiental, porém que visa à desativação de usinas mais antigas, geradoras de mais gastos, para se centrarem nas mais viáveis e com condições de terem sua capacidade aumentada no limite. "É um processo lento de substituição e de difícil apuração, pois os números verdadeiros sofrem manipulação", conclui Galdi.

Conforme o anúncio oficial, a capacidade de fundição de ferro terá uma queda um pouco maior que a do aço, totalizando 26,53 milhões de toneladas. A produção de ferro-liga sofrerá uma subtração equivalente a 1,86 milhão de toneladas da capacidade atual. O cobre sofrerá retração de 291 mil toneladas, e o alumínio, por sua vez, perderá 600 mil toneladas do montante anual. A fundição de chumbo ficará 585 mil toneladas menor, seguida do zinco, o metal que terá o menor abatimento, a 333 mil toneladas abaixo da capacidade.
DCI

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