segunda-feira, 16 de maio de 2011

Ouro deve promover novo ciclo de inversões no país

www.simineral.org.br

16/05/2011


Entre 2011 e 2015, previsão de US$ 2,4 bilhões em aporte no país.
As principais mineradoras de ouro que atuam no Brasil já anunciaram investimentos para os próximos anos

A crescente valorização do ouro no mercado internacional e o potencial produtivo do Brasil e de Minas Gerais vão promover no país um novo ciclo de investimentos de exploração do mineral. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), apenas entre 2011 e 2015 a previsão é de aportes de US$ 2,4 bilhões. Minas Gerais deverá receber ao menos 50% desses investimentos - cerca de US$ 1,2 bilhão.

O valor apurado pelo Ibram considera apenas investimentos já confirmados pelas mineradoras para exploração do ouro. Recursos destinados à pesquisa e mapeamento geológico não entram nessa conta.

O peso do ouro na economia mundial ganha força em situações de instabilidade. Por ser considerado o investimento mais seguro, ele acaba sendo o refúgio de investidores que fogem da incerteza de investimentos tradicionais, como a Bolsa de Valores.

A crise no mercado imobiliário norte-americano em 2008 e os reflexos ainda sentidos na zona do euro aguçaram a busca internacional pelo ouro, fato que explica a valorização internacional do metal.

No mês de abril, a cotação internacional da commodity mineral atingiu o valor histórico de US$ 1.500,00 a onça (aproximadamente 31 gramas). Conforme especialistas, existe a expectativa de que até o final do ano a mesma quantidade de ouro seja comprada por até US$ 2.000,00.

Há dez anos, essa cotação era de US$ 272,00 a onça e em 2008, ano da crise, o valor atingiu US$ 850,00. O enfraquecimento da cotação do dólar no mundo é outro fator que contribuiu para o aumento do ouro, já que os investidores trocaram a moeda norte-americana pelo mineral.

Valorização - Essa valorização internacional foi responsável por fazer com o que o ouro superasse o ferro-nióbio como segundo mineral mais representativo na balança comercial brasileira - o primeiro lugar absoluto segue sendo o minério de ferro.

O gerente de Dados Econômicos do Ibram, Antônio Lannes, disse que o Brasil e, em especial, Minas Gerais têm condições de saciar a fome mundial pelo metal nobre. Segundo ele, apenas 30% do território nacional são geologicamente mapeados e as reservas internas ainda são altas.

Pelos dados de 2010, o Brasil exportou 61 toneladas de ouro em 2010. Desse total, 64% sairam de Minas Gerais (cerca de 39 toneladas). Os dados geológicos atuais apontam que as reservas de ouro no Brasil alcançam 1.590 toneladas, ou 3,3% das reservas mundiais. Pará e Minas Gerais são os Estados com maior concentração dessas reservas (41,5% e 37% respectivamente). A estimativa é que até 2014 a produção anual brasileira de ouro deva atingir 80 toneladas.

Em 2010, as exportações brasileiras de ouro trouxeram para o país quase US$ 2 bilhões em divisas. O volume exportado correspondeu a 5,1% da balança comercial brasileira do setor mineral, enquanto o minério de ferro representou 81,8% desse total.

Além de se valorizar em períodos de instabilidade econômica, o ouro também se destaca em ciclos positivos da economia. "O ouro é o único ativo financeiro que tem essa característica de ser procurado tanto nos períodos de incerteza quanto nos períodos de prosperidade. Em épocas de bonança, por exemplo, ele incrementa o mercado de luxo e de joias", resumiu Antônio Lannes.

O analista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, lembra, no entanto, que o investimento em ouro, embora tenha suas vantagens, também tem seus riscos. " um investimento que tem cotação diária e que também está sujeito às variações do mercado. Como em qualquer ação no mercado, há o risco do investidor perder dinheiro", alertou.

Inversões - Algumas das principais mineradoras que atuam no Brasil e em Minas Gerais já anunciaram investimentos para os próximos anos. A canadense Kinross Gold Corporation, que tem uma planta na cidade de Paracatu, na região Noroeste, deverá investir US$ 400 milhões na expansão da produção, que passará de 15 para 17 toneladas.

Somente em 2010, os aportes deverão totalizar US$ 200 milhões. Os principais investimentos serão realizados na implantação do terceiro e do quarto moinho de bolas para o processamento do minério. No município de Riacho dos Machados, na região Norte de Minas, a mineradora de mesmo nome, controlada pela canadense Carpathian Gold Inc., prevê investimentos de US$ 150 milhões.

A sul-alfricana AngloGold Ashanti também estima investimentos da ordem de US$ 220 milhões, divididos nas unidades de Nova Lima e Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Antônio Lannes lembrou que a maior parte dos investimentos previstos para Minas Gerais é externo e que há pouco capital nacional envolvido. "Embora exista participação nacional em algumas dessas companhias que atuam no Brasil, o investimento é primordialmente estrangeiro", afirmou.
Diário do Comércio - MG

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