segunda-feira, 16 de maio de 2011

Commodities mascaram desaceleração industrial

www.simineral.org.br

13/05/2011


Produtores de manufaturados perdem competitividade com o dólar fraco
 
A valorização das commodities, principalmente do minério de ferro, vai aumentar o faturamento e as exportações da indústria mineira, mascarando a real situação do setor no Estado. Depois de um 2010 aquecido, a indústria de Minas Gerais perdeu fôlego em março e iniciou um processo de estabilização com viés de queda, o que levou a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) a revisar para baixo a previsão de crescimento da produção.

No final do ano passado, a entidade calculava uma alta de 6,1% para 2011, com uma margem confortável acima dos 4,1% previstos para a média da produção industrial nacional. Agora, a perspectiva é de elevação de 4,9% em Minas. O percentual para o Brasil foi mantido. Os dados revistos e os indicadores da economia mineira foram divulgados ontem.

A atual conjuntura, sobretudo a política monetária de juros altos, é apontada como a principal causa das dificuldades enfrentadas pela indústria para crescer.
 
Segundo as novas projeções da Fiemg, o faturamento vai alcançar expansão de 9,5% sobre o ano passado e não mais de 6,5%, como se previa anteriormente. As exportações serão de US$ 35,5 bilhões, incremento de US$ 1 bilhão sobre a perspectiva anterior. Inchados pelos resultados do setor extrativo-mineral, os números vão esconder que outros setores, como o de máquinas equipamentos, sofrem com o dólar fraco e avanço dos importados.
 
A cadeia minero-metalúrgica sustenta 40% do PIB de Minas Gerais. Com o enfraquecimento da política de diversificação da economia, esta concentração deverá aumentar este ano. "O governo tem um equívoco de gestão. Para conter o consumo, cancelou as medidas anticíclicas e aumentou os juros. Se a intenção é diminuir o consumo, tem que mexer é no compulsório. Isso é um grave equívoco de gestão", disse o presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Fiemg, Lincoln Gonçalves Fernandes.
 
Com o dinheiro mais caro, em virtude da Selic ajustada a 12% ao ano, os investimentos da indústria tendem a diminuir, o que comprometerá a pulverização da economia tanto em Minas como no Brasil. Este processo já estava em curso e será acelerado. Na comparação de 2010 com 2008, as exportações de produtos manufaturados caiu 14,2% no país.

Segundo dados da Fiemg, o faturamento real da indústria mineira caiu 7,27% em março na comparação com o mês anterior. O setor de produtos químicos apresentou a maior queda, de 14%. No trimestre, o resultado ainda é positivo, de 9,92%.

As horas trabalhadas na indústria tiveram, na comparação entre março e fevereiro, retração de 6,13%, puxada pela indústria da transformação, onde a variação negativa foi de 6,51%. Na base de comparação trimestral, ainda há expansão de 4,35%. Já o emprego industrial permaneceu praticamente estável em Minas, com leve alta de 0,1% em março sobre fevereiro. De janeiro a março deste ano em relação a igual período do ano passado, o emprego registra avanço de 1,99%.

Os dados são dessazonalizados. Foram retirados os efeitos sazonais de safra de alguns produtos e para toda a indústria o "efeito Carnaval" foi ajustado, como forma de manter bases de comparação viáveis.
 
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