segunda-feira, 16 de maio de 2011

Com medo da inflação, China importa menos commodities

www.simineral.org.br

13/05/2011


País asiático aumenta a produção doméstica e usa estoques de produtos para conter preços
Importações de cobre caíram 40% em abril; para analistas, setor industrial chinês continua aquecido

A China está reduzindo as importações de matérias-primas em resposta aos altos preços e às preocupações com a inflação.

Em abril, as importações chinesas de cobre caíram 40% em relação ao mesmo período de 2010, para 262,7 milhões de toneladas. Em comparação com março, a retração foi de 14%.

Os chineses também importaram 7,6% menos soja do que em abril de 2010 e o volume de minério de ferro comprado do exterior caiu 4,4%. Na comparação mensal, a queda nas importações de minério foi ainda mais significativa, de 11%.

Apesar da menor demanda por commodities produzidas fora da China, analistas ainda não veem sinais de queda no nível de atividade econômica do país asiático.

Pelo contrário, a produção de aço, por exemplo, que usa o minério de ferro como matéria-prima, continua aquecida, em nível recorde.

Em abril, foram produzidos 59 milhões de toneladas de aço bruto na China, com crescimentos de 8% em relação ao mesmo mês de 2010 e de 13% em comparação com a média do ano passado, de 52,2 milhões de toneladas.

O aumento da produção doméstica de alguns produtos, como o minério de ferro e o cobre, e o uso dos estoques chineses explicam a desaceleração das importações.

"Os traders (comercializadores de commodities) estão diminuindo estoques, pois não há sinais de que o governo chinês irá reduzir juros e beneficiar a indústria", diz um analista de um grande banco em Londres que prefere não ser identificado.

Assim como no Brasil, o governo chinês está preocupado com a inflação e adotando medidas para desacelerar o crescimento da economia. "Enquanto o governo não liberar crédito, os traders vão ficar receosos e evitar comprar matérias-primas a um preço alto", diz.

Em um ano, o cobre sobe 29% em Nova York e a soja, 43% em Chicago.

A China é o maior consumidor mundial de cobre, minério de ferro e de soja e, logo, possui uma forte influência sobre a formação de preço desses produtos.

No caso da soja, ela detém 27% dos estoques mundiais, estimados em 60,9 milhões de toneladas.

CONTROLE

"Ela pode usar as reservas para controlar o processo inflacionário. Quando o preço estiver elevado, os estoques são usados para, quando as cotações caírem, voltar às compras para recompô-los", diz Leonardo Sologuren, diretor da Clarivi.

Em razão do forte peso da China nesses mercados, a tendência é que, nos momentos em que ela sai da compra, as cotações caiam.

No cobre, a menor presença da China já reduz o preço. O metal acumula queda de cerca de 11% em 30 dias em Nova York. Em Xangai, a retração se aproxima de 40%.
Folha de São Paulo

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