terça-feira, 10 de maio de 2011

Nova corrida pelo ouro atrai US$ 2,5 bi

www.simineral.org.br

10/05/2011


Crise econômica de 2008 elevou procura por metal e fez as mineradoras reforçarem investimentos no país para aumentar produção
 
O Brasil é alvo de uma nova corrida pelo ouro. A extração e o refino do ativo monetário mais antigo do mundo receberá US$ 2,5 bilhões em investimentos privados nos próximos cinco anos, segundo o levantamento mais recente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O volume de recursos é 40% maior que o US$ 1,7 bilhão da última sondagem do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para o quadriênio 2010-2014.

A diferença de valores entre as duas entidades não se explica apenas por métodos estatísticos. Por causa da crise econômica mundial de 2008,muitos investidores resolveram buscar um porto seguro para suas aplicações no metal. Maior demanda significa aumento de investimentos por parte das mineradoras. E a tendência é que o volume de aportes cresça ainda mais. “Há uma série de pequenos projetos que não aparecem no nosso estudo”, afirma o diretor de assuntos minerários do Ibram, Marcelo Tunes.

Os grandes projetos no país têms ido liderados pormineradoras canadenses, que aproveitam o bom momento do mercado internacional para iniciar operações no Brasil. É o caso da Jaguar Mining/Msol, que aplicará US$ 550 milhões em operações em Minas Gerais e no Maranhão.Outra companhia canadense, a EldoradoGold, colocará US$ 468,7 milhões na região de Tapajós, no oeste do Pará. Estudos iniciais indicam reserva de 1,8 milhão de onças troy — barra equivalente a 31,1 gramas — no projeto Tocantinzinho.

As duas novatas querem disputar a liderança do mercado brasileiro, ocupada hoje pela sul-africana AngloGold Ashanti — responsável por 27% das 58 toneladas de ouro produzidas no país no ano passado. A disputa promete ser difícil. A AngloGold deve aplicar US$ 290 milhões neste ano para ampliar a produção, que foi de 415 mil onças troy do ano passado. A meta da empresa é ter um incremento de 35%na produção em dois anos, e atingir 14 toneladas de ouro.

Para não ficar atrás da concorrência, a sul-africana Yamana Gold projeta investimento de US$ 276 milhões. A empresa divide o segundo lugar do ranking com a Kinross, cada uma responsável por 25% da produção nacional de ouro em 2010. No caso da Kinross, há um pacote de R$ 1 bilhão em investimentos até 2012. Os recursos serão aplicados nas minas de Paracatu (MG) e Crixá (GO).“O aumento no preço do ouro devemanter a perspectiva do setor continuar investindo”, diz o diretor do Ibram.

Onças sob Nova York

A disparada na cotação da onça troy na bolsa de Nova York é de 75%a partir da crise financeira de 2008. O preço da barra de 31,1 gramas passou de US$ 840,50, em 2007, para cerca de US$ 1,49 mil na última sexta-feira.

No Brasil, o aumento do preço se reflete em maior arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais pelo DNPM. Ela saltou de R$ 9,2 milhões, em 2005, para R$ 32,5 milhões no ano passado.Otributo é de 1% sobre lucro das empresas com a extração de ouro.

Para AlexandreRangel, analista de mineração da Ernest & Young Terco, a alta de preço reflete a disposição de investidores em buscar uma aplicação alternativa ante o enfraquecimento do dólar no mercado internacional e o movimento de valorização das commodities. “Alguns investidores que aplicavam em dólar ou papéis do Tesouro americano se refugiaram no ouro”, diz Rangel.

Esta foi a opção do fundo de pensão da Universidade do Texas, por exemplo, que comprou, no mês passado, US$ 1 bilhão em barras de ouro — maior investimento privado no metal dos últimos anos. O fundo deslocou 5% de seu capital para guardar ouro em um cofre subterrâneo na cidade de Nova York, por medo de perder rendimentos. “O papel que o ouro tememnossa carteira é de hedge (proteção) contra a desvalorização das moedas”, afirmou o presidente do fundo, Bruce Zimmerman, ao defender a decisão frente aos cotistas.
 
Brasil Econômico

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