sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ibram: Vale levaria 5 anos para elevar produção de potássio.

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22/07/2011

Mesmo que a Vale e a Petrobras consigam chegar a um acordo sobre a exploração das minas de potássio da petroleira em Sergipe, após anos de discussão, somente daqui a no mínimo cinco anos o Brasil poderia dobrar a produção do mineral, avaliou o diretor de recursos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Marcelo Ribeiro Tunes.

Em entrevista um dia depois de a presidente Dilma Rousseff ter cobrado das duas companhias um acordo para viabilizar o aumento da produção de fertilizantes no País a partir do potássio, Tunes ressaltou que os investimentos para desenvolver a mina em Sergipe serão pesados e levarão anos para apenas dobrar a atual produção brasileira de 600 mil t anuais.

"O Brasil só tem uma mina de potássio conhecida, que é essa da Petrobras em Sergipe... tem outras na Amazônia, também da Petrobras, mas nada foi feito lá ainda", disse o executivo do Ibram. As concessões da Petrobras em Sergipe e Amazonas foram obtidas entre as décadas de 1960 e 1970 enquanto a empresa buscava petróleo em terra nessas regiões. A empresa chegou a criar a Petromisa, extinta posteriormente no governo Collor, e com isso a concessão da lavra foi arrendada pela Vale em 1991.

A Vale reivindica o direito de expandir a mina além de Taquari-Vassouras (em Sergipe), que já está se esgotando. A discussão com a Petrobras sobre o assunto foi uma das divergências do ex-presidente da Vale Roger Agnelli com o governo. "A Vale chegou ao máximo que pôde nessa mina e tem tirado 600 mil t, ou 10% do nosso consumo", informou.

Depedência do importado

A produção da mina conhecida como Taquari-Vassouras é tudo o que Brasil produz atualmente de potássio, o que faz o País ser 90% dependente das importações. Segundo Tunes, com a abertura de uma nova mina, o Brasil poderia reduzir em cinco anos a dependência para cerca de 70%.

Ele informou que normalmente o repasse de uma concessão se faz pelo arrendamento, cuja taxa geralmente corresponde a 10% da receita com a produção, ou pela venda do direito minerário, um valor ainda difícil de ser calculado nesse caso, segundo o diretor.

"Em termos de potássio, acho que o Brasil pode um pouco mais que dobrar a capacidade de produção em cinco anos, se houver facilidade nessa mina de Sergipe, se a expansão que forem fazer for no mesmo corpo (na mina antiga)", ressaltou. Ele vê mais chance de crescimento na exploração de fosfato, que já atende metade do consumo brasileiro e possui maior possibilidade geológica no Brasil.

O Brasil consome 6 milhões de t de potássio por ano atualmente e o projeto da Vale em Sergipe prevê produção de até 2 milhões de t com eventual expansão, segundo Tunes.

"Acredito que a segurança do suprimento de potássio virá mais cedo da Vale na Argentina", avaliou, referindo-se ao projeto de US$ 4,6 bilhões da Vale em Mendoza, o Rio Colorado, que terá capacidade inicial de 2,4 milhões de t de potássio por ano e deve começar a produzir em 2013.

Tunes afirmou que mesmo sendo importado, o potássio que virá de Mendoza dá garantia de suprimento ao Brasil de um mineral que não possui muita oferta no mundo. "O projeto da Argentina vai entrar em produção mais rápido, e se você tem essa opção sempre dá mais segurança, é como o projeto de carvão da Vale em Moçambique", comparou Tunes.
Reuters

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