sexta-feira, 8 de julho de 2011

Países africanos querem fatia maior da riqueza mineral.

www.simineral.org.br

08/07/2011

Vários países africanos estão se movimentando para ficar com uma fatia maior da sua riqueza em commodities, à medida que a disputa por esses produtos enfraquece o poder de barganha de grandes empresas multinacionais.

A disposição da Tanzânia de estudar a criação de um superimposto sobre minas fez com que as ações da African Barrick Gold, maior produtora de ouro no país, atingissem em junho o seu menor valor. Além de Moçambique e Tanzânia, também Gana, Namíbia, Guiné, Uganda e Gabão estão tomando medidas para elevar sua receita com a mineração.

A balança de poder está pendendo a favor dos governos africanos, num momento em que os preços das commodities está alto e a brasileira Vale e a chinesa Minmetals Resources se juntam às grandes empresas ocidentais na luta por contratos. Ao mesmo tempo, os políticos estão em busca de investimentos em estradas, ferrovias e geração de energia, que dizem ser essenciais para manter o crescimento médio de 5,7% no continente durante a década passada.

"O fato de empresas chinesas, brasileiras e indianas estarem se envolvendo bem mais na mineração na África significa que as mineradoras ocidentais estão mais pressionadas", diz Chris Melville, consultor da Menas Associates, de Londres. "Quando você tem mais pretendentes, pode ser um pouco mais seletivo e mais exigente."

Às empresas não restam muitas alternativas senão pagar mais. O cinturão de cobre que atravessa Zâmbia e Congo tem 10% das reservas globais do metal, enquanto este último abriga dois terços dos depósitos de cobalto. Botsuana diz ter 200 bilhões de toneladas de reservas de carvão, e a Guiné é o maior exportador mundial de bauxita, minério base na produção de alumínio. O continente tem ainda algumas das mais ricas jazidas de urânio, platina e ouro.

"O que estamos vendo agora definitivamente é uma tendência, e parte disso tem a ver com commodities, mas acredito que muito tem a ver com a percepção dos governos de que não estão ganhando uma parcela justa", afirma Mouhamadou Niang, gerente responsável por investimentos em mineração do Banco de Desenvolvimento Africano. "Há demandas dos dois lados" e "é necessário um senso de continuidade e estabilidade de regimes fiscal e legal".

Maior economia do continente, a África do Sul também pode seguir esse rumo. O Congresso Nacional Africano (CNA), partido governista, decidiu realizar estudos para a estatização de setores. "Os investidores, tradicionais fornecedores de capital de risco para o setor, estão receosos", diz David Brown, CEO da Impala Platinum. "O risco associado a futuros investimentos na mineração sul-africana subiu consideravelmente na ótica de quem está fora do país."

Segundo Brown, o debate sobre a e ameaça reduzir a produção das minas, a qual contribui com 8,8% do Produto Interno Bruto da África do Sul. As discussões pelo continente sobre impostos mais altos pode causar a diminuição de investimentos. "Governos tentados a se mover nessa direção se convencem de que os investimentos necessários em seus países não se reduzirão. Estão errados", diz Cynthia Carroll, CEO da Anglo American. "As empresas internacionais têm alternativas de investimentos em jurisdições diferentes."

Com uma parte grande dos depósitos minerais restantes do mundo na África, essas alternativas podem estar diminuindo, assim como as da África estão aumentando. Os governos estão sendo cortejados por mais mineradoras, particularmente da China, diz a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf. Para ela, os chineses estão "agressivos e famintos por matéria-prima". "E nós também atingimos um ponto de maturidade em como negociamos", completa.
Valor Econômico

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