quinta-feira, 7 de julho de 2011

Vale avalia alternativas à oferta da Jinchuan.

www.simineral.org.br
07/07/2011

A Vale avalia alternativas à recente oferta da chinesa Jinchuan para comprar a Metorex, mineradora de cobre e cobalto no Congo, o que pode não excluir uma contraproposta. Mas, como apurou o Valor, é pouco provável que a companhia entre numa "guerra de preços" com os concorrentes pelo negócio. A Vale tem até o dia 15 de julho para se posicionar na disputa.

Na avaliação de fontes próximas da mineradora brasileira, a Metorex, com produção de 51,5 mil toneladas de cobre e 3,6 toneladas de cobalto em 2010, não é essencial à companhia, que dispõe de outras alternativas de crescimento na exploração do metal. Mas também não é um ativo descartável.

Apenas três projetos atualmente em desenvolvimento - Salobo I e II e Cristalino, em Carajás e Konkola North, em Zâmbia, vão acrescentar 340 mil toneladas à produção de 332 mil toneladas do metal prevista para 2011, somando 642 mil toneladas até 2013. O que deixa a Vale bem próxima da meta de produzir 700 mil toneladas até 2015.

Analistas do setor de mineração estão divididos sobre as negociações da Vale para aquisição da Metorex. Para Pedro Galdi, da SLW , este é um ativo que está na África, ultima fronteira da mineração de cobre e carvão e que a Vale tem interesse em comprar, tanto que fez proposta em abril de US$ 1,12 bilhão, ou 7,35 rands por ação, por 100% da empresa. "Mas não creio que chegue a fazer uma contraproposta irracional pela Metorex".

Outro analista de banco estrangeiro, que não quis ser citado, acha também que a Vale não entraria numa disputa de preços por valores entre US$ 1,2 bilhão e US$ 1,5 bilhão, que representam muito pouco dos US$ 176 bilhões do valor de mercado da Vale.

Mas para esse especialista, "o que transcende a questão de preço é que face à oferta chinesa e o custo de capital chinês (muito mais barato), acho difícil a Vale entrar nessa concorrência. Muito mais lógico é ela retirar a oferta, ainda mais depois que o diretor-executivo de finanças, Guilherme Cavalcanti, disse que a empresa não vai entrar numa queda de braço com os chineses".

As dúvidas sobre o caminho que a Vale vai traçar para o negócio na África puxaram para cima a ação da Paranapanema, com alta de 9,34% ontem na BM&FBovespa, fechando em R$ 5,85, enquanto o Ibovespa encerrou em queda de 0,75%. No mês, a Paranapanema subiu 16,07% ante uma alta de 21,88% no ano.

Os especuladores do mercado projetam que se a Vale não levar a Metorex, ela pode voltar a fazer uma oferta de compra pela Paranapanema, uma processadora de cobre. A empresa tem atrativos que podem agradar a Vale, além de um controlador comum, a Previ. A processadora de cobre tem cerca de 100 direitos exploratórios intocados, além de processar 215 mil toneladas do metal por ano.

No momento, a Paranapanema está expandindo produção para chegar 280 mil toneladas/ano. As placas de cobre produzidas pela empresa, em sua planta na Bahia, são exportadas até para a China. O país asiático responde por 40% da demanda mundial do metal.

O mercado de cobre é atualmente muito disputado e tem vivido grandes problemas de oferta em decorrência do declínio de teores de cobre de suas minas em exploração. O preço do cobre, que estava explodindo no final de 2010, sofreu correção no início desse ano e agora está se recuperando. Na terça-feira, subiu 5% na London Metal Exchange (LME), sendo cotado a US$ 9.284 a tonelada, ou US$ 4,22 por libra-peso.

Segundo projeções da Codelco, a estatal chilena maior produtora de cobre do mundo, o teor de cobre das minas poderá baixar de uma média atual de 0,95%, podendo para 0,65% em 2020. O que aumenta o custo da operação de processamento, ou seja, vai ser preciso mais minério para produzir a mesma quantidade de cobre. O valor do investimento também ficará mais caro, alerta a Codelco.

Para piorar tal cenário, as minas novas de cobre atualmente se localizam em lugares remotos do território africano, em países com risco político altíssimo, como o Congo. Isso tem estimulado as mineradoras diversificadas, como a Vale e Jichuan, maior produtora chinesa de níquel, a correr atrás desses ativos. Já que a tendência do metal nos próximos cinco a dez anos é, segundo a Codelco, crescer o consumo nos países emergentes ante uma oferta cada vez mais apertada.
Valor Econômico

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