quinta-feira, 7 de julho de 2011

Pacífico tem tesouro de elementos raros.

www.simineral.org.br
07/07/2011

Estudo de japoneses flagrou grande quantidade das chamadas terras raras, cruciais para indústria de eletrônicos
Áreas perto do Havaí e da Polinésia Francesa têm potencial de suprir a demanda mundial, mas ambiente preocupa

 
Vem das profundezas do Pacífico a promessa de uma gigantesca fonte dos elementos que são o principal combustível da revolução tecnológica do século 21, dos iPhones aos carros elétricos.

São as chamadas terras raras, quase todas agrupadas no mesmo canto da tabela periódica (o esquema que organiza os elementos químicos).

Apesar dos nomes pouco conhecidos, como lantânio, cério, praseodímio e itérbio, as terras raras estão nas mãos de todo mundo que possui produtos eletrônicos (veja infográfico acima).

Hoje, 97% da produção mundial de terras raras e do metal ítrio (considerado "membro honorário" do grupo de elementos, por suas características e usos parecidos) está nas mãos da China.

E foi a leste do país asiático, nas águas profundas perto do Havaí e do Taiti (Polinésia Francesa) que a equipe liderada por Yasuhiro Kato, da Universidade de Tóquio, achou pistas da enorme abundância submarina das terras raras -na lama.

DA LAMA AOS BOLSOS

Os pesquisadores suspeitavam que a lama do mar profundo (a cerca de 4.000 m da superfície, em média) podia conter terras raras por causa das forças que moldaram o ambiente submarino ali.

A interação entre chaminés hidrotermais -locais onde o calor do interior do planeta escapa para o solo marinho-, terras raras dispersas pela água e a ação de microrganismos marinhos parece ter conspirado para produzir uma lama que, em média, é mais rica nesses elementos do que as áreas de mineração na China continental.

No artigo em que descrevem os achados, publicado na edição eletrônica da revista científica "Nature Geoscience", os pesquisadores lembram que é preciso ser cauteloso nas estimativas do potencial total da área. Afinal, detalhes da geologia submarina podem variar bastante de uma região para outra.

Mesmo assim, se a medição feita em 78 localidades do Pacífico for representativa, "o recurso poderia exceder as atuais reservas terrestres mundiais", escrevem os pesquisadores japoneses.

O método de mineração equivaleria simplesmente a trazer a lama submarina para a superfície e misturá-la a ácidos para obter os elementos desejados. Em experimentos preliminares, os cientistas dizem que quase todo o conteúdo da lama pode ser extraído dessa forma.

É preciso levar em conta, no entanto, o impacto ambiental do procedimento e os custos associados a ele. Não é à toa que a China domina esse mercado.

É que, por enquanto, a regulação contra os poluentes gerados na mineração dos elementos é mais permissiva em terras chinesas. Países como os EUA preferem terceirizar o problema comprando de fornecedores na Ásia. Também deve-se considerar o custo desse tipo de empreendimento antes de apostar que os iPhones do futuro virão do fundo do mar.
Folha de São Paulo

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