sexta-feira, 8 de abril de 2011

Demanda cresce e mineradoras investem.

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[ 08/04/2011 ] [Valor Econômico - Online - Plantão ] 
 
Demanda cresce e mineradoras investem
Com as perspectivas favoráveis nos mercados interno e externo, as grandes mineradoras estão investindo pesado para atender à demanda nos próximos anos. A Vale, principal exportadora brasileira, responsável por 12% de todas as vendas externas do país em 2010, reforça sua posição com o desembolso de US$ 24 bilhões, que serão injetados em operações já em andamento e em novos projetos. A MMX, do Grupo EBX, por sua vez, investirá R$ 5 bilhões em seis anos para aumentar sua produção de minério de ferro, enquanto a Anglo American prevê aportes de US$ 5 bilhões em dois anos na implantação do projeto Minas-Rio.
A quantia a ser investida pela Vale é 125,1% superior aos US$ 10,66 bilhões gastos nos últimos doze meses com término em setembro passado. Apenas para 2011, entre as dezenas de projetos previstos para sair do papel, quinze foram aprovados pelo Conselho de Administração. A mineradora dedica um cuidado especial à área de siderurgia. Os quatro principais projetos nesse setor, nos quais a empresa está envolvida, devem atingir US$ 21 bilhões para produzir 18,5 milhões de toneladas de aço bruto por ano. "Entendemos que o Brasil é o melhor lugar para se produzir aço. Por isso, temos estimulado parcerias com nossos clientes para aumentar a produção no país", afirma em comunicado Roger Agnelli, diretor-presidente.
O objetivo da Vale, que está entre as maiores mineradoras do mundo, é duplicar sua produção no prazo de cinco anos. "O índice de produção, que inclui a performance operacional de todos os minerais e metais produzidos, está previsto para mais que dobrar até 2015, crescendo à taxa média anual de 16,3%, a partir deste ano, índice superior ao ritmo de 9,8% por ano registrado no período entre 2003 e 2008", diz Agnelli.
Cálculos feitos pela Vale demonstram que do total de recursos aprovados, as operações brasileiras receberão US$ 15,31 bilhões, o que representam 63,8% do total aprovado pela empresa. Haverá aporte de US$ 1,95 bilhão no Canadá, onde a companhia tem importantes ativos de níquel e projeto de fertilizantes, além de investimentos em vários outros países. Para Agnelli, o cenário para o ano é muito positivo e a empresa continuará operando com plena capacidade, na esteira do forte consumo chinês e da continuidade da recuperação na produção industrial no mundo.
Segundos dados da mineradora, o minério de ferro irá absorver uma boa fatia desses investimentos, o correspondente a 35,5% do total. A estratégia é produzir 311 milhões de toneladas neste ano, atingindo 522 milhões de toneladas em 2015. O ramo de fertilizantes abocanhará 10,4% dos recursos, ou US$ 2,5 bilhões.
Em 2010, a Vale vendeu ao exterior US$ 27,7 bilhões, um crescimento de 128% em relação a 2009. A contribuição da empresa foi decisiva para o saldo positivo da balança comercial brasileira, de US$ 20,3 bilhões, minimizando o déficit das contas externas.
Já a MMX Mineração e Metálicos, do Grupo EBX, que tem capacidade de produção de 10,8 milhões de toneladas de minério de ferro, vai investir R$ 5 bilhões nos próximos seis anos para produzir pelo menos 46 milhões de toneladas anuais até 2016, diz o diretor-presidente da companhia, Roger Downey. Em 2010, a empresa produziu 7,7 milhões de toneladas.
Na unidade de Serra Azul, no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, R$ 3,5 bilhões vão custear a construção de uma nova planta de beneficiamento do minério, um terminal ferroviário e um transportador de correia de longa distância, que fará o transporte da mina até um terminal ferroviário. Hoje, a capacidade instalada nessa unidade é de 8,7 milhões de toneladas e, até 2016, chegará a 24 milhões de toneladas/ano.
Para o desenvolvimento da unidade Bom Sucesso (mina e planta), no centro-oeste mineiro, o investimento será de R$ 1,5 bilhão. A MMX estima que, até 2016, estará produzindo 10 milhões de toneladas de minério de ferro por ano nessa unidade. Em 2010, a companhia investiu R$ 166 milhões em ampliação de sondagens, equipamentos, aquisição de terrenos e licenciamento para as duas unidades, que fazem parte do Sistema Sudeste (MG) da MMX.
Em ambos os casos, a companhia protocolou os Estudos de Impacto Ambiental (EIA-Rima) e espera obter a licença prévia para a expansão de Serra Azul neste semestre. "As opções de aumento de produção da MMX crescem ainda mais com a recente parceria com a Usiminas para o desenvolvimento da mina de Pau de Vinho", avalia Downey.
A mina Pau de Vinho - ativo da Mineração Usiminas recentemente arrendado e localizado em área adjacente às operações da MMX na região de Serra Azul - possui potencial de 875 milhões de toneladas de minério de ferro. Por esse arrendamento, a MMX vai pagar 13,5% do minério produzido nessa mina, com capacidade estimada em 8 milhões de toneladas/ano.
À produção do Sistema Sudeste e de Pau de Vinho devem se somar ainda 10 milhões de toneladas que a mineradora do Grupo EBX espera produzir até 2016 no Chile, onde a empresa detém minas para a extração de ferro no deserto de Atacama. Lá, a MMX opera por meio da subsidiária Minera MMX de Chile. No Sistema Corumbá (Mato Grosso do Sul), em operação desde 2006, a capacidade instalada de produção anual é de 2,1 milhões de toneladas.
Nos planos da Anglo American, que adquiriu em 2008 por R$ 5,4 bilhões os direitos minerários de ferro da MMX em Minas e no Amapá, estão previstos investimentos neste e nos próximos dois anos de US$ 5 bilhões na implantação do Projeto Minas-Rio, um dos mais importantes da empresa no mundo e que terá capacidade de produção de 26,5 milhões de toneladas de finos de minério de ferro (pellet feed).
"O investimento concentra-se na abertura de mina e nas obras de construção da unidade de beneficiamento, barragem, mineroduto, filtragem, porto e na compra de equipamentos", diz Stephan Weber, CEO da unidade de negócios de minério de ferro do Anglo American, um dos maiores grupos em mineração e recursos naturais do mundo, com operações na África, Europa, América do Sul e do Norte, Austrália e Ásia.
O início das operações do Projeto Minas-Rio depende de uma série de fatores, entre eles licenças ambientais. Mas, no fim de 2010, a Anglo American conseguiu a Licença de Instalação (LI) para o desenvolvimento do projeto junto à Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Supram - Jequitinhonha), órgão ligado ao governo de Minas Gerais.
A licença permitiu que a Anglo American começasse as obras de construção civil da planta de beneficiamento e da barragem de rejeitos e abertura da mina em março deste ano. Em função disso, a empresa estima entre 27 e 30 meses para construir e comissionar a mina e planta, concluir as obras e realizar o primeiro embarque de minério de ferro por navio.
O Projeto Minas-Rio é formado por mina e planta de beneficiamento de minério de ferro nos municípios de Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, um "mineroduto" com extensão de 525 km - o maior em construção no mundo e que percorre 32 municípios mineiros e fluminenses - e a planta de filtragem no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ). No porto, a companhia participa com 49% da LLX Minas-Rio nas instalações de manuseio e embarque do minério de ferro. O "mineroduto" vai percorrer 32 municípios mineiros e fluminenses e escoar a produção prevista de 26,5 milhões de toneladas anuais de minério de ferro para abastecer o mercado externo.
A Anglo American possui ainda uma unidade no Amapá, onde produz minério de ferro desde 2007 para o mercado externo. Em 2010, a produção foi de 4 milhões de toneladas, aumento de 52% em relação ao ano anterior. Para este ano, a expectativa é produzir 4,5 milhões de toneladas.
A produção do Sistema Amapá é direcionada ao exterior. Em 2010, a Anglo American exportou 4 milhões de toneladas de minério de ferro, volume que representa 65% das exportações do Amapá, onde a empresa tem 1,5 mil funcionários.


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