sexta-feira, 15 de abril de 2011

Suíça Glencore pretende captar US$ 11 bi com abertura de capital.

www.simineral.org.br

15/04/2011

Grupo de commodities, com presença em mais de 40 países, está avaliado em até US$ 73 bilhões

A empresa suíça Glencore anunciou ontem que decidiu entrar no mercado de ações e captar até US$ 11 bilhões a partir de maio. A abertura de capital será uma das maiores da história corporativa da Europa, permitindo que a companhia possa ser avaliada entre US$ 60 bilhões e US$ 73 bilhões. Mas, acima de tudo, a decisão revelou a real dimensão da maior companhia de recursos naturais do planeta.

A empresa, com sede em uma modesta cidade do interior da Suíça, Baar, escancarou o tamanho do controle que tem sobre o mercado de commodities e reforçou a constatação que um pequeno número de atores influenciam os preços internacionais de minérios, produtos agrícolas e energia.

A decisão de se tornar uma empresa pública obrigou a companhia, com investimentos em mais de 40 países - incluindo no etanol brasileiro - a revelar o tamanho de seu império. Conta com mais de 2,7 mil empregados apenas para o departamento de vendas, em 50 escritórios espalhados por 40 países. Além de outros 54,8 mil nas operações industriais em 30 países.

Na realidade, a Glencore está em praticamente todos os lugares onde existem recursos naturais. Em 2010, ela registrou vendas de US$ 145 bilhões. Para a empresa, a explosão de sua produção de cobre na África e ouro no Casaquistão ainda permitirá que lucros cheguem a US$ 6,5 bilhões. Até 2015, a previsão da própria empresa é de dobrar a produção de minério e carvão.

A decisão de captar recursos em bolsa não ocorre por acaso agora. Ela vem no momento de maior alta nos preços de commodities em três décadas, e a empresa não esconde que quer usar esse momento para ampliar ainda mais seus investimentos. A entrada no mercado, portanto, foi considerada por analistas como uma demonstração clara de que o mercado de commodities na próxima década continuará aquecido, que os preços estarão em um patamar elevado e que empresas do setor confiam que vão continuar a lucrar.

A americana Cargill, por exemplo, deve bater recorde de lucros em 2010. Já países como o Brasil, Austrália e Canadá sustentam suas balanças comerciais positivas apenas graças aos preços de minérios e outros produtos.

Ganhos. Agora, com o documento de base da empresa emitido para o mercado, a constatação é de que parte substancial dos ganhos no mercado de commodities termina mesmo com a empresa suíça. A Glencore, por exemplo, tem 38% do mercado de alumínio, 30% de cobalto e um porcentual significativo também em grãos, níquel e petróleo.

Nos últimos anos, deixou de ser apenas uma trader e passou a garantir acesso a sua própria produção. Comprou usinas de açúcar no Brasil, mineradoras na Colômbia, blocos de petróleo na África e em outras regiões do mundo.
O Estado de São Paulo

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