terça-feira, 7 de junho de 2011

Demanda chinesa sustenta novo ciclo de nacionalismo.

www.simineral.org.br

07/06/2011

Treze anos depois da eleição de Hugo Chávez, a consagração de Ollanta Humala reforça um ciclo de governos latino-americanos que se propõem a praticar o chamado "nacionalismo de recursos naturais", em países dependentes da exportação de produtos primários.

O aumento dos impostos e royalties sobre a produção mineral e petrolífera para financiar gastos sociais -principal proposta de Humala- já aconteceu na Venezuela de Chávez, no Equador de Rafael Correa (eleito em 2006) e na Bolívia de Evo Morales (eleito em 2005).

Vale lembrar que a região passou antes por movimento com motivação semelhante, em circunstâncias históricas muito distintas.

Dele fizeram parte a Revolução Nacionalista boliviana de 1952 (que levou à nacionalização das minas), a estatização do petróleo venezuelano, em 1975, e a ditadura militar nacionalista de Juan Velasco Alvarado (1968-1975), no próprio Peru.

Esse ciclo anterior, que prometia resgatar setores populacionais sem inserção no mercado e promover a industrialização pela substituição de importações, se esgotou sem alcançar plenamente seus objetivos.

Além de problemas internos de gestão, foi derrotado por injunções da Guerra Fria (em especial no caso boliviano), pela crise da dívida externa (nos anos 80) e pela queda do preço das commodities nos anos 90 -quando Chávez assumiu, por exemplo, o barril de petróleo custava US$ 10 (menos de 10% do valor atual).

O que faz a diferença agora é que a demanda da China mudou os termos internacionais de troca: vale a pena, de novo, exportar matérias-primas, e foi isso que sustentou o crescimento peruano de em média 7% ao ano.

As empresas reagem mal, como está acontecendo no Peru, mas no fim não se retiram do negócio. Parte da oposição mais ferrenha a Correa e Morales vem agora não de multinacionais, mas de grupos indígenas que levantam a bandeira ambientalista para frear o modelo exportador.

Apesar de reivindicarem um mal definido socialismo, esses governos usaram o reforço de caixa sobretudo para criar programas de transferência de renda, à moda do Bolsa Família. Nada longe da velha cartilha do Banco Mundial, antes execrada pela esquerda.
Folha de São Paulo

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