terça-feira, 14 de junho de 2011

Excesso de oferta derruba cotações do níquel na LME.

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14/06/2011

Em meio à escassez de todo tipo de commodity, do petróleo bruto ao cobre e o milho, o mercado de níquel caminha para seu maior período de saturação em quatro anos, o que deve gerar uma queda nos preços até 2012.

A produção em excesso do metal aumentará de 12 mil toneladas métricas em 2011 para 60 mil no ano que vem, tornando o níquel o metal com a maior superoferta do mercado, em relação a produção ou uso, segundo o Bank of America Merrill Lynch. Novas minas de extração irão elevar a produção em 11% em 2012, maior crescimento em 17 anos, afirmou o Macquarie Group. Já os preços devem cair 10%, para o patamar de US$ 20 mil por tonelada, até 31 de dezembro, em estimativa média de 17 analistas e operadores entrevistados pela Bloomberg.

"Não estou muito otimista com relação ao níquel", disse Ian Henderson, que administra cerca de US$ 10 bilhões em ativos de recursos naturais para a JPMorgan Chase, em Londres, incluindo o Fundo Global de Recursos Naturais, que dobrou de tamanho nos últimos dois anos. "Acho que não há lógica comercial para o preço atual. Quinze mil dólares é um preço possível para o níquel."

Em meio às dificuldades enfrentadas por produtores de outras matérias primas com a extração de cobre e petróleo suficientes para suprir o mercado e as secas que ameaçam as safras, a oferta de níquel vem crescendo mais rápido que a demanda. O preço do metal atingiu um recorde de US$ 51,8 mil em 2007 e cresce a pelo menos 63% ao ano desde então, o que levou seus consumidores a substituírem o níquel mais que qualquer outra commodity, afirmou a Macquarie.

O Ikea Group, maior varejista de móveis do mundo, por exemplo, está retirando o metal de seu mobiliário de cozinha e banheiro.

O níquel, aplicado principalmente na produção de aço inoxidável, caiu 2% para US$ 22.575 no fechamento da Bolsa de Metais de Londres, ontem. Foi o segundo pior desempenho registrado na sessão, depois do açúcar, no índice GSCI da Standard & Poor's de 24 commodities, que por sua vez exibia alta de 11% até às 13 horas. No mês, a queda do metal é de 2,9% e no ano atinge 9,52%. Em 12 meses, ainda apresenta alta de 17,55%.

Os setores de construção e transporte representam 37% da demanda pelo níquel, e máquinas e aparelhos elétricos representam outros 18%, de acordo com o UBS AG. O consumo de 1,51 milhão de toneladas de níquel em 2010 registrou, pelo preço médio, receita avaliada em US$ 33 bilhões.

A queda nos preços significa que haverá pouca variação no lucro deste ano da Norilsk Nickel, maior produtora de níquel do mundo, segundo o presidente-executivo da companhia, Vladimir Strzhalkovsky. O níquel representou cerca de 43% da receita da companhia russa em 2009. "Se houver alguma mudança na economia global, a demanda por metais industriais cairá," afirmou. "É perigoso depender do níquel."
Valor Econômico

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