segunda-feira, 6 de junho de 2011

Lapidação de pedras revela novo potencial.

www.simineral.org.br

06/06/2011

O potencial mineral mato-grossense por muito tempo esteve vinculado restritamente ao ouro e ao diamante. Porém, com o avanço das pesquisas geológicas e descoberta dos valores de mercado de outros minérios e pedras, o Estado tem se transformado em uma das promessas no segmento. Para fomentar a atividade e proporcionar o beneficiamento, a Companhia Mato-Grossense de Mineração (Metamat) oferece cursos de lapidação de pedras coradas, que são todas a pedras preciosas e semipreciosas com exceção do diamante.

O sucesso da iniciativa pode ser medido pela lotação dos cursos oferecidos. Até o começo de 2012 não há mais vagas. Atualmente estão em andamento duas turmas de 15 alunos cada, com duração de 6 horas diárias. As aulas são gratuitas, com foco nas pessoas que vivem perto de regiões com potencial mineral ou que não possuem qualificação. Até agora, uma turma de 16 pessoas foi formada no fim do ano passado. No total, o curso tem 5 meses de duração com 400 horas/aulas.

De acordo com o presidente da Metamat, João Justino Paes Barros, o curso faz parte de um projeto que teve início em 2004, com as aulas para transformação de resíduos minerais em artesanato. "Eram pedras rejeitadas e sem valor que passaram a ser utilizadas na confecção de enfeites e souvenirs".

Depois do artesanato surgiu a ideia de aproveitar as pedras encontradas em território mato-grossense para a confecção de semijoias, como é o caso do cristal, da ametista, da esmeralda, água marinha, todas produzidas no Estado, mas que antes eram encaminhadas na forma bruta a outras regiões para serem transformadas.

Segundo Barros, somente com o curso de artesanato já foi possível medir o impacto na vida dos trabalhadores, que ao término da qualificação já tinham emprego ou abriram seu próprio negócio. "O principal intuito destes cursos é difundir nossas riquezas e qualificar mão de obra".

Para o futuro, o presidente planeja curso para lapidação de diamante, mas neste caso as exigências e cuidados são maiores devido ao valor comercial das pedras. Apesar das grandes produções de diamantes no Estado serem para indústria, como é o caso de Juína, há também a exploração de pedras voltadas para joalherias, como acontece em Itiquira, Guiratinga e Chapada dos Guimarães.

Mudando Vidas - Qualificação era o que buscava o jovem Paulo Fernando Profeta da Cruz, 21. Participou da primeira turma do curso de lapidação e se revelou um talento para a lapidação e agora integra a equipe como auxiliar do professor Edimilson dos Santos. O jovem conta que quando ficou sabendo do curso e que seria gratuito, ficou interessado na hora. "Eu estava procurando algo para fazer e quando percebi a oportunidade resolvi arriscar". Afirma ainda que por enquanto vai continuar como monitor, mas que a intenção é montar o próprio negócio.

Outra pessoa que espera uma transformação é Adão Donizete, 52, que já atua com mineração, mas em garimpo, e agora pretende partir para o beneficiamento de pedras em Alta Floresta. Conta que começou na avaliação de pedras e diferenciação, principalmente de ametistas, e que por isso será mais fácil trabalhar.

Por enquanto ele fica em um quarto alugado, mas quando terminar o curso pretende retornar para sua cidade e dar aulas, visto que existe potencial mineral na região. Autônoma, Terezinha Magalhães, 40, se inscreveu no curso para ampliar seus conhecimentos. De acordo com ela, com uma qualificação as chances de entrar para o mercado formal de trabalho são maiores.

Busca por conhecimento não tem idade, enquanto Paulo Fernando tem 21 anos e vivencia sua primeira experiência profissional, o senhor Alonso Barbosa da Silva, 55, enfrenta as 6 horas de aula todos os dias na esperança de deixar de ser empregado e ser patrão. Explica que sempre gostou de mineração e quando soube do curso resolveu investir tempo e dedicação para poder trabalhar no segmento com capacitação.

Para o geólogo que coordena o curso, Wanderlei Magalhães de Rezende, esta é uma oportunidade para desvincular a mineração do ouro e do diamante e difundir outras possibilidades no segmento. "O Brasil surgiu da busca por ouro e diamante e a exploração intensa acabou por reduzir a oferta. É preciso saber aproveitar as demais riquezas que estão presentes no Estado".

Professor há 25 anos, Edimilson dos Santos veio de Teófilo Otoni (MG) para dar as aulas e revela que sua maior satisfação está em ver seu trabalho em uma joalheira, depois de transformada a pedra bruta em uma preciosidade.

Para o Futuro - A Metamat fez um investimento aproximado de R$ 10 mil na montagem do laboratório em Cuiabá. De acordo com Wanderlei Rezende, os aparelhos não são baratos e o órgão visa oferecer boa estrutura aos alunos. Presidente da Companhia, João Justino Paes Barros, afirma que o objetivo é ampliar o alcance do curso e levá-lo para algumas cidade polos do Estado, como é o caso de Peixoto de Azevedo, Alta Floresta e Juína.

Segundo o professor Edimilson dos Santos, comercializar as pedras já lapidadas dificulta o contrabando porque é mais fácil identificar a valiosidade do mineral, diferentemente de quando é transportada em sua forma bruta.
A Gazeta - MT

Nenhum comentário:

Postar um comentário