terça-feira, 14 de junho de 2011

Minas ganha fatia no setor mineral.

www.simineral.org.br
13/06/2011

Líder na produção de minérios, estado ampliou de 46% para 49% participação no país. Valor chega a US$ 19,7 bi em 2010

Contra a constatação do ex-presidente Artur Bernardes de que “minério não dá duas safras” e apesar de ser o estado minerador mais antigo do país, Minas Gerais mantém a liderança na produção mineral brasileira e elevou sua participação no valor da produção mineral brasileira de 46% em 2009 para 49,4% no ano passado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Com o avanço, Minas saltou de uma produção de US$ 11 bilhões para US$ 19,7 bilhões, com aumento de 79% no período. O ganho de participação se reverteu em mais recursos para os municípios mineradores de Minas, que ficaram com 48% do R$ 1,083 bilhão repassado pelas empresas às cidades de todo o país que sofrem impacto da atividade mineral. “Minas foi favorecida pelo aumento do preço das commodities e pelo aumento da produção”, afirma o presidente do Ibram, Paulo Camillo Vargas Penna.

Carro-chefe da produção mineral brasileira, o minério de ferro, explorado em larga escala há quase 70 anos em Minas Gerais, foi um dos principais fatores do aumento de 67% no valor da produção mineral brasileira em 2010, que somou US$ 40 bilhões, contra US$ 28 bilhões no ano anterior. Dos 370 milhões de toneladas de minério de ferro extraídas do país no ano passado, Minas Gerais respondeu por 67% (248 milhões de toneladas), contra 29,3% (34 milhões de toneladas) do Pará, segundo o Ibram. “Em termos de investimentos, Minas divide com o Pará os maiores aportes, mas na produção Minas lidera, historicamente, com maiores volumes”, afirma Paulo Camillo lembrando que a maior demanda por minério de ferro beneficiou o estado e levou empresas siderúrgicas, por exemplo, a investirem em minério de ferro, como Gerdau e Usiminas.

E a perspectiva é de que, mesmo com os investimentos feitos no Pará, que responde por mais de 20% do valor da produção mineral e por 28% dos royalties pagos pelas mineradoras, Minas continue liderando a produção do setor no país. Levantamento do Ibram divulgado na última semana revela que o setor vai receber investimentos recordes de US$ 68,5 bilhões entre 2011 e 2015, com Minas abocanhando US$ 25 bilhões no período, o que corresponde a 33,6% do total. No Pará, até 2015, a previsão é de US$ 24,05 bilhões de investimentos (35,1% do total). O montante previsto para Minas até 2015 representa um aumento de US$ 3,3 bilhões em relação à estimativa anterior, feita no fim do ano passado, na qual o estado participava com 35% dos US$ 62 bilhões previstos pelo Ibram para o período de 2010 a 2014.

Crescimento A expansão da Vale, da Samarco, da Acelor Mittal e da CSN, a entrada em operação de minas da Ferrous, da MMX e da AngloAmerican e as futuras lavras de minério da Vale, da Mineração Minas Bahia e da Sul Americana Metais, no Norte do estado, com investimentos da ordem de R$ 7,4 bilhões (cerca de US$ 4,7 bilhões), vão garantir a expansão da produção de minério de ferro no estado. A estimativa do Ibram é de que, com a demanda aquecida na China, a produção brasileira deve saltar para 720 milhões de toneladas em 2014, com Minas respondendo por 60% desse total e produzindo 432 milhões de toneladas. Enquanto no país o aumento de produção será de 94%, em Minas, o avanço previsto em quatro anos é de 74%.

Além do minério de ferro, Minas lidera na produção de ferro, fosfato, ouro, tantalita e zinco e é o maior produtor mundial de nióbio. O setor mineral recebeu investimentos da ordem de R$ 55 bilhões entre 2003 e 2010 segundo balanço da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede). Apenas o setor respondeu pela geração de 43 mil empregos diretos nos últimos cinco anos no estado.

Previsões já são otimistas

Recuperado da crise financeira mundial de 2008, o setor mineral brasileiro projeta crescimento contínuo ao longo dos próximos anos. “Nossa recuperação ocorreu em agosto do ano passado, enquanto nós prevíamos um retorno aos patamares anteriores à crise apenas no fim deste ano e início do próximo”, afirma o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo Penna. Ele comemora o resultado da produção mineral brasileira no ano passado e prevê incremento nos próximos anos em função da balança comercial do setor.

No ano passado, as exportações minerais brasileiras (excluindo petróleo e gás) somaram US$ 35,36 bilhões, praticamente o dobro dos US$ 18 bilhões exportados pelas mineradoras no ano anterior. Com o avanço, o saldo comercial do setor passou de US$ 12,6 bilhões em 2009 para US$ 27,6 bilhões no ano passado. Beneficiada pelo aumento do preço das commodities no mercado internacional, a indústria mineral brasileira respondeu por 17,5% das exportações e por 136% do saldo da balança comercial brasileira em 2010, que foi de US$ 20 bilhões.

“A previsão é que a economia mundial cresça 4,5% nos próximos anos e, mesmo que o mundo desenvolvido cresça a taxas de 2% a 3%, nós vamos ter um processo de urbanização brutal. Só a China, nos próximos 20 anos, quer urbanizar 800 milhões de chineses”, afirma Paulo Camilo. Mais pessoas vivendo em área urbana significa mais consumo de bens produzidos a partir de recursos minerais. Ele lembra ainda o esforço de reconstrução do Japão depois do terremoto seguido de tsunami que arrasou o Norte do país em março. “A estimativa é de que o Japão necessite de US$ 300 bilhões em investimentos e só em 2011 vão ser US$ 33 bilhões”, observa o presidente do Ibram.

O temor do setor é que a falta de mão de obra qualificada freie o crescimento nos próximos anos. “O Brasil precisa de 50 mil engenheiros por ano e está formando hoje 30 mil”, alerta Paulo Camillo. De acordo com ele, para suprir a demanda, 95% das empresas do setor estão “formando” os engenheiros dentro das suas próprias unidades. (MM)
Estado de Minas

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