quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Commodities resistem mais à crise que mercados de ações

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18/08/2011

Itaú diz que comportamento não é usual e restrições na oferta seguram preços, mesmo com turbulências

As commodities vêm se mostrando mais fortes que os mercados acionários nos momentos turbulentos de 2011. Em relatório desta quarta-feira, o Itaú diz que a queda dos preços das commodities durante esta crise europeia tem sido relativamente menor do que na crise de 2008. Enquanto um dos principais índices de ações dos EUA, o S&P 500, apresenta queda da ordem de 13% (de 22 de julho até 15 de agosto), o índice de commodities da Bloomberg – CMDI – acumula correção de apenas 3,2% no mesmo período.

Segundo o banco, restrições na oferta dos principais grupos de commodities têm sustentado os preços. Esse comportamento não é usual, continua a instituição, especialmente em momentos de crise. A correlação entre esses dois índices já chegou a 96% no auge da crise em 2008 e atualmente encontra-se em níveis mais baixos, próximos a 50%. Correlação é um indicador que mostra quanto duas ou mais variáveis andam juntas ao longo do tempo.

“Acreditamos que apesar desse relativo descolamento recente, uma deterioração mais forte na perspectiva de crescimento deve produzir correções mais intensas no preço de commodities. Mas há que se ter em mente as importantes restrições de oferta na perspectiva futura dos preços, principalmente, em cenários de desaceleração mais moderada da atividade global.” Para o Itaú, uma das possíveis justificativas para a correlação mais fraca é o compromisso assumido pelo banco central dos EUA (Federal Reserve) de manter a taxa dos títulos entre zero e 0,25% até meados de 2013. Isso mantém um ambiente de liquidez e fraqueza do dólar que é favorável à manutenção dos preços das commodities.

Mas, para o banco, as questões de oferta de matérias-primas estão pesando mais. Os balanços entre oferta e demanda das principais commodities estão bastante apertados, diz no relatório. No mercado de metais industriais, o cobre é o exemplo principal dessa condição. Em 2010, a diferença entre a produção de metal refinado e a demanda ficou negativa em 246 mil toneladas e os dados de 2011 já apresentam um déficit ainda maior (pode atingir um valor superior a 300 mil toneladas). Em 2008 a situação era mais confortável, com a diferença entre a oferta e demanda registrando superávit de 187 mil toneladas. A oferta do metal tem crescimento pequeno, sofrendo com baixa qualidade do minério e dificuldades trabalhistas.

Segundo o Itaú, apesar de a existência de restrições na oferta dos principais grupos de commodities ser bastante nítida, a sustentação do nível atual de preços nas próximas semanas dependerá da evolução da demanda. "Uma vez se consolidando um cenário de desaceleração mais forte da economia global, fica difícil projetar o preço das commodities se mantendo nos níveis atuais, ainda tão próximos das máximas históricas."

Ao longo das próximas semanas os dados de atividade dos Estados Unidos e da China devem ser observados com grande atenção para determinar o impacto da crise na demanda real de commodities, acredita o banco. "No nosso cenário básico, prevemos uma desaceleração da economia europeia e uma perda de ritmo de crescimento nos Estados Unidos suficientes para gerar uma redução no consumo de commodities ao longo dos próximos trimestres e coerentes com uma trajetória de preços em declínio moderado (ou estabilidade, mantida pela demanda da China e emergentes)."
IG

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