quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Minas dá suporte à economia nacional

www.simineral.org.br

17/08/2011

Commodities produzidas e exportadas pelo Estado ajudam país a escapar dos efeitos nocivos da crise.

A receita para a criação e a manutenção de uma economia sólida, segundo especialistas, está na agregação de valor à atividade industrial de um país. No entanto, ironicamente, a alta produção de commodities será um dos principais fatores que permitirão ao Brasil escapar dos efeitos mais nocivos das recentes crises na Europa e nos Estados Unidos. Economistas afirmam que, ao contrário do que ocorreu em 2008, o mercado de commodities não deve ser tão severamente afetado pela instabilidade econômica mundial.

"Deve haver queda de preços, mas não vai haver redução muito grande quanto à demanda, que continua crescente por conta dos países emergentes, principalmente os asiáticos. Este deve ser o cenário para o minério de ferro. A situação das commodities agrícolas é ainda melhor, já que nem os valores praticados devem cair em alguns casos, como no do café, em que estimamos que a saca, hoje cotada em cerca de US$ 350, chegará a US$ 400 até o fim do ano. O país tem de aproveitar sua vocação para produzir commodities", explica o especialista em BM&F da MBK Vermont Investimentos, Fabrício Gandra.

Diante deste cenário, Minas Gerais terá um dos papéis mais importantes para a manutenção do crescimento do país, já que a força motriz da economia do Estado são os setores do agronegócio e a indústria extrativa mineral. A balança comercial brasileira tem registrado índices cada vez mais superavitários em razão das exportações destas commodities pelo Estado. Nos sete primeiros meses deste ano, os embarques a partir de Minas somaram US$ 22,25 bilhões, uma alta de 20,4% ante igual período de 2010. O volume corresponde a 15,8% das vendas externas nacionais.

Agronegócio - O valor exportado pelo agronegócio brasileiro, de acordo com nota do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), registrou US$ 85,7 bilhões no período acumulado dos últimos 12 meses (agosto de 2010 a julho de 2011), alta de 23,7%.

Na avaliação do coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Santos Vilela, o cenário para as commodities agrícolas deve permanecer positivo nos próximos anos. "Os preços vão continuar elevados pelo menos até 2014, período em que será possível reavaliar as condições do mercado e os impactos da crise", argumenta.

Com relação ao minério de ferro, o Brasil não deve ser tão fortemente impactado pelos efeitos da crise, porque os principais compradores do insumo siderúrgico brasileiro não estão sendo afetados, conforme o consultor do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Luciano Borges.

"O nosso principal mercado atualmente é a Ásia, que não está sendo diretamente impactada pela crise. Embora possa haver queda no preço do minério, a expansão da demanda deve ser mantida em razão da urbanização da China, de outros países emergentes e dos futuros investimentos em infraestrutura. E, mesmo que a economia chinesa apresente arrefecimento, ainda haverá crescimento significativo", destaca.

Preparado - Além da produção de commodities, o Brasil ainda possui outros instrumentos que contribuirão para fortalecer a economia do país ante as crises na Europa e Estados Unidos. "O Brasil está, de fato, mais preparado para enfrentar as adversidades. Possuímos uma robusta reserva cambial de US$ 350 bilhões, a dívida pública, apesar de alta, está sob controle e o déficit público está diminuindo. Também temos um sistema financeiro capitalizado, o que evita o risco de falência de instituições financeiras e o mercado interno continua forte", ressalta o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite.

Segundo o professor do MBA em economia empresarial da FGV/IBS, Mauro Rochlin, a crise internacional não deve inibir a realização de investimentos no país. "A conjuntura positiva favorece os aportes provenientes tanto do governo federal quanto do setor privado. Além disso, os investimentos estrangeiros não devem diminuir, já que, como grandes potências mundiais estão com a situação econômica comprometida, o Brasil se tornou estratégico para o recebimento de recursos", esclarece.

Mesmo com tantos fatores que favorecem a posição do Brasil, o analista da MBK Investe alerta que o país ainda tem problemas a serem combatidos. "As perspectivas são boas porque há certas características da economia brasileira que, neste momento específico, são pertinentes. Mas o Brasil ainda não fez o dever de casa. Se não houver um ajuste nas contas públicas, o país certamente será prejudicado no longo prazo", observa.
Diário do Comércio

Nenhum comentário:

Postar um comentário