quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Vale não acredita em nova recessão global

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18/08/2011

Campinas - O diretor de Relações com Investidores da Vale, Roberto Castello Branco, disse, em Campinas, que o Brasil está muito mais bem preparado para enfrentar uma crise global, caso ela realmente aconteça. "O Brasil está muito bem posicionado; evidentemente, o Brasil está, a curto prazo, numa fase de desaceleração do crescimento, mas está mais bem preparado para enfrentar uma crise até mesmo do que em 2008, da qual saiu com sucesso. Um dos problemas que aguçaram os efeitos da crise internacional sobre o Brasil foi a exposição de empresas brasileiras em derivativos cambiais. Acho que hoje isso é um problema que passou. Não vejo sinais de uma situação semelhante à que existia em 2008. Caso ocorra uma turbulência forte no câmbio, não vejo as empresas brasileiras serem penalizadas como foram naquela época", diz.

Roberto Castello Branco participou na última terça-feira de uma palestra feita aos executivos de finanças da cidade no Hotel Vitória a convite do Instituto Brasileiro de Executivos de finanças (Ibef) na seccional de Campinas. Roberto Castello Branco falou sobre as perspectivas da Vale. Recentemente a Vale divulgou que no segundo trimestre de 2011 registrou lucro líquido de R$ 10,27 bilhões, 54,9% superior ao obtido no segundo trimestre de 2010. Foi o maior já verificado pela companhia em segundo trimestre. Na comparação dos dois períodos, a receita líquida da mineradora aumentou 34,9%. No segundo trimestre de 2011, a Vale atingiu R$ 25,61 bilhões. A informação é que o preço mais elevado dos produtos no segundo trimestre contribuiu positivamente para a receita da Vale, com US$ 1,34 bilhão, segundo o balanço. No acumulado do semestre, o lucro cresceu 126,7%, somando R$ 21,56 bilhões. As vendas de minério da empresa somaram 60,642 milhões de toneladas no segundo semestre, volume 6,23% maior do que o do mesmo período do ano passado (57,081 milhões de toneladas).

Durante sua palestra, o diretor de Relações com Investidores da Vale, Roberto Castello Branco, fez uma avaliação do comportamento da empresa diante do mercado global. De acordo com ele, depois de uma forte aceleração, a produção industrial global se desacelerou no 2º trimestre deste ano, devido aos efeitos do terremoto japonês e a um novo ciclo de estoques. A desaceleração foi mais acentuada nas economias desenvolvidas onde a produção industrial não cresceu.

O desempenho dos emergentes tem dado suporte ao preço de metais como minério de ferro, carvão metalúrgico, cobre e níquel. A produção industrial do Japão despencou sob os efeitos do terremoto, mas já reage. Os efeitos dos choques de preços de commodities sobre o poder de compra dos consumidores estão se diluindo, pois o preço da energia e dos alimentos se estabilizou.

A inflação tornou-se um problema menor, melhorando o poder de compra dos consumidores. O crescimento no mundo desenvolvido tem desapontado, por estar com um ritmo mais lento do que a tendência de longo prazo.

Para Castello Branco, uma nova recessão global não é esperada, como a crise financeira que ocorreu em 2008, pois a economia global, com exceção dos países periféricos da União Europeia, está muito mais preparada do que em 2008. As taxas de juros estão sendo mantidas em níveis muito baixos e os bancos centrais ainda possuem poder de fogo. O estresse financeiro força os governos das economias desenvolvidas a, reduzir déficits futuros.

O grande mercado interno de algumas economias asiáticas as tornam resistentes às recessões globais. A economia chinesa hoje está mais preparada para lidar com uma recessão nos países desenvolvidos do que em 2008, pois a exportações são menos importantes e o mercado imobiliário tem bom desempenho.

De acordo com Castello Branco o mercado global de minério de ferro continua aquecido e com isso a empresa espera que os preços continuem elevados em razão do crescimento da indústria chinesa, pois os investimentos imobiliários e em infraestrutura permanecem como vigorosa fonte de crescimento do consumo. Os preços do níquel tiveram um bom desempenho frente à desaceleração da produção global de aço inoxidável relacionada ao início de alguns projetos de ferro níquel e às expectativas negativas sobre a economia global. Apesar da redução da produção de aço inoxidável, o nível alcançado no 2º trimestre de 2011 foi ainda alto. Os fundamentos do mercado de níquel se mantêm, com a demanda impulsionada pelos mercados emergentes e, restrita por desafios no desenvolvimento de projetos. Os preços do cobre permanecem elevados, pois dificuldades estruturais do lado da oferta contribuem para o cenário.

Castello Branco disse que a Vale atua de forma bastante responsável no mercado, investindo com disciplina a locação de capital através de uma política financeira conservadora atrelada às características estruturais e aos mercados. Na avaliação de Castello Branco, as turbulências do mercado não devem afetar os negócios da Vale. "As turbulências existentes não vão nos levar muito provavelmente a uma recessão, mas a um período de menos crescimento do que o esperado. As economias desenvolvidas têm problemas e vão precisar de alguns anos para os ajustes necessários, mas o mundo em desenvolvimento, embora possa ser afetado por isso, não vai parar de crescer, então nós continuamos a ter bons fundamentos de mercado para os nossos produtos."
DCI

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