segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A riqueza que vem da terra

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19/09/2011

Com ajuda do Sebrae, 250 pequenos mineradores se organizam em cooperativas para aproveitar boom do setor

Buscando estratégias para o crescimento da mineração no estado do Rio Grande do Norte, o Sebrae-RN e parceiros reúnem cerca 250 pequenos mineradores no Arranjo Produtivo Local (APL) de Pegmatitos. A regulamentação das áreas exploradas é um dos focos do projeto que atua nas regiões Agreste e Seridó. "O intuito do projeto é legalizar as áreas e ajudar os pequenos mineradores a conseguirem as licenças ambientais para atividade", afirma Sheyson Medeiros, gestor do projeto do Sebrae-RN.

Ouro, ferro, gemas, xelita, tungstênio, mica, columbita, feldspato, quartzo e cal. Toda essa abundância de materiais faz do Rio Grande do Norte o sexto maior produtor de minerais do país, com mais de 2.000 ocorrências minerais georreferenciadas e um dos que possuem grande número de pequenos negócios envolvidos na extração. Os mais de cinco mil pequenos mineradores que exploram esse setor são capazes de gerar mais de US$ 70 milhões por ano no estado em exportações, segundo dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão do Ministério das Minas e Energia (MME). Apesar do potencial, a cadeia produtiva de minérios enfrenta desafios, sobretudo na parte de infraestrutura e logística, para se desenvolver.

"Temos alguns desafios e o APL Pegmatitos irá contribuir para o fortalecimento efetivo do pequeno minerador. Com a implantação do modelo de gestão empresarial e a transferência de conhecimento com foco na agregação de valor aos bens minerais, o Sebrae-RN pretende incentivar esses produtores e tornar a mineração em pequena escala viável", relata Sheyson Medeiros.

Outros desafios perpassam pela baixa capacidade de investimento dos pequenos mineradores, o pequeno índice de mecanização na atividade, muitas restrições para acesso ao crédito, e baixo nível de escolaridade. A importância maior do projeto é no sentido de apoiar os pequenos mineradores através de informação, capacitação e acompanhamento técnico buscando ampliar sua competitividade, como também a formalização da atividade, promovendo a abertura de empresas, legalização mineral e ambiental.

Segundo o gestor, o RN tem grande diversidade de recursos minerais passíveis de exploração econômica, e entre eles existem cerca de 25 que são explorados economicamente. Na cadeia da mineração, para cada emprego direto são gerados outros nove empregos indiretos. Visando organizar essa cadeia, o APL Pegmatitos busca organizar as mineradoras em cooperativas para que se tornem mais fortes.

"Com a organização e fortalecimento da atividade mineral de forma sustentável e competitiva irá ser agregado valor aos bens minerais, visando aumentar o volume de vendas", coloca o gestor do projeto. O APL encerra neste ano com cinco cooperativas organizadas, agregando 250 mineradores cooperados. "É importante potencializar a mineração do RN. Com a organização em cooperativas e a capacitação desse pessoal do Seridó e da região Central, podemos transformar a atual realidade", completa.

Participam do arranjo produtivo a Cooperativa Mineral do Seridó (Coominas) em São Tomé, a Cooperativa dos Mineradores Potiguares (Unimina) em Currais Novos, Cooperativa Mineral do Seridó (Coopminas) em Parelhas, a Cooperativa dos trabalhadores em minério e agricultura de Equador (Cootmaes) e a Cooperativa dos mineradores da Serra do Poção (Coomsp), em Ouro Branco. Em virtude da articulação do Sebrae no Rio Grande do Norte para reunir os mineradores em associação e, posteriormente, em cooperativas, o faturamento dessas organizações aumentou e atualmente chega a quase R$ 1 milhão por ano.

Sucesso inicial

Os atuais presidentes de duas cooperativas de mineradores já comemoram a melhora do negócio. As mudanças notáveis que têm em vista a formalização efetiva das mineradoras e a capacitação dos proprietários são motivo de satisfação para todos os que participam do projeto. "Os estudos em viabilidade econômica e a participação em congressos e seminários são as participações mais importantes promovidas pelo Sebrae", afirma Raimundo Bezerra Guimarães, presidente da Unimina.Para ele, a união de forças institucionais em prol do desenvolvimento social e econômico dos pequenos mineradores potiguares é o grande alvo para que as atividades sejam formalizadas, havendo assim capacitação profissional, lavra racional e agregação de valor aos produtos minerais. "Falta colocar essa cultura cooperativista na cabeça dos mineradores que ainda não participam para que eles também experimentem esse crescimento", realça.

Como os investimentos para o desenvolvimento de uma mina são altos e de longo prazo, é importante fomentar esse desenvolvimento de forma legalizada nos órgãos públicos e privados, segundo o presidente. Com isso, a conquista do mercado é cada vez maior o número de associados à Unimina. "Começamos com apenas 28 associados. Hoje somos 54, com capacidade para agregar até 200. Para o futuro, essa união trará grande desenvolvimento para o estado", conclui Guimarães. Outra cooperativa que já comemora a unificação de mineradoras é a Coopminas - Cooperativa Mineral do Seridó - que abriramos olhos ao desperdício que acontecia durante a extração. "Antes nós tínhamos a preocupação apenas em produzir minerais específicos, e jogávamos o que sobrava fora. Agora, com o conhecimento em rochas, adquirido com os cursos do Sebrae, é possível ser empreendedor na hora da produção", relata José Pedro Neto, presidente da Coopminas.
Diário de Natal

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