sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Sem sentir crise, Vale vê minério estável no 4o tri

www.simineral.org.br

09/09/2011

A desaceleração da economia mundial tem afetado o mercado acionário, mas não contagiou as commodities, tampouco os preços do minério de ferro, que ficarão estáveis no último trimestre do ano, disse o presidente da Vale, Murilo Ferreira.

"Este assunto de crise na Europa e nos Estados Unidos até o momento passou longe do minério de ferro, não tivemos cancelamento de nenhum pedido, de nenhuma data de embarque", afirmou em entrevista à Reuters o executivo nesta quinta-feira.

Ele destacou que nem o aumento de juros, aliado a medidas macroprudenciais na China, conseguiram derrubar o consumo do país asiático, o principal mercado para a Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo.

Os preços do minério de ferro durante a crise iniciada em agosto, segundo ele, oscilaram de 179 dólares a tonelada para 177,50 dólares e hoje estão acima de 182 dólares.

Considerando valores praticados no mercado à vista durante todo o terceiro trimestre, as cotações para o último trimestre não vão se alterar, afirmou.

"Estamos muito contentes porque isso significará que nós teremos conseguido reduzir a volatilidade na precificação. Nós não vimos essa crise; o mercado de minério não viu essa crise passar", concluiu.

Ferreira completa em setembro quatro meses à frente da Vale, substituindo a longa administração de Roger Agnelli, que ficou cerca de dez anos no comando da mineradora.

O presidente da Vale afirmou que a gestão da empresa pouco mudou desde que assumiu, mas ele admitiu que tenta dar um tom mais humano nas relações entre a empresa e os funcionários, com mais foco em segurança do trabalho.

ATRASO POR LICENÇAS

Grandes projetos aprovados no ano passado pelo Conselho de Administração da companhia, como a expansão de Carajás, têm tido algum atraso por conta da demora para a liberação de licenças ambientais.

A questão das licenças, segundo ele, é um dos motivos para a não concretização de todos os investimentos de 24 bilhões de dólares previstos para este ano.

"O ano da Vale em vez de 12 meses vai ter 15 meses", afirmou.

Outro projeto relevante para a mineradora, a expansão da exploração de potássio em Sergipe aguarda um acordo com a Petrobras.

Ferreira revelou que a petroleira poderá ceder --e não apenas arrendar-- os direitos minerários da região para a Vale.

A mineradora poderá pagar por essa "cessão" um valor que Ferreira não especificou.

A Vale já explora a mina do mineral arrendada da Petrobras em Sergipe desde 1991 e produz cloreto de potássio a partir dos sais de silvinita, num volume de cerca de 700 mil toneladas anuais.

Com um acordo com a Petrobras, a produção em Sergipe poderá mais que triplicar, segundo o executivo. O projeto de exploração de carnalita, um tipo de sal de potássio, a uma profundidade de 1,2 mil metros, poderá ser de 2,2 milhões anuais de toneladas.

Atualmente, o país importa mais da metade do insumo para dar conta de suas necessidades.

SIDERURGIA

Ferreira disse ainda que os projetos siderúrgicos da mineradora no Pará e no Ceará devem deslanchar ainda neste ano, conforme o previsto no seu plano de investimentos.

Numa parceria com a Dongkuk Steel e a Posco, a Vale vai iniciar o desenvolvimento do projeto CSP, que engloba a construção de uma planta de 3 milhões de toneladas de placas de aço no Ceará. O início das operações está previsto para 2014.

Outro projeto que começará a ser implementado ainda neste semestre é a construção de uma planta siderúrgica em Marabá, no Estado do Pará, com uma capacidade nominal de 1,8 milhão toneladas de placas e 700 mil toneladas de semi-acabados.

Ferreira negou que os projetos não sejam lucrativos para a Vale, como criticaram alguns analistas de mercado.

"A Posco não virá para perder dinheiro", disse.
O Estado de São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário