quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Vale e Petrobras querem espaço no Gabão

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14/09/2011

Mineradora brasileira planeja investir US$ 3 bilhões, enquanto estatal do petróleo está de olho em projetos do pré-sal africano.

"A Vale está voltando." Foi assim, em tom de comemoração, que o ministro de Minas e Energia do Gabão, Alexandre Barro Chambrier, informou que a maior produtora de minério de ferro do Brasil deve retomar seus negócios no país africano.

A mineradora suspendeu seus trabalhos no país há cinco anos, quando a Companhia Nacional de Maquinários e Exportação e Importação da China (CMEC) ganhou de forma arbitrária - acordos políticos teriam tido mais peso na decisão do que de fato questões técnicas e de preço - uma licitação para controlar Belinga, uma reserva de ferro praticamente inexplorada, localizada há 500 quilômetros da capital Libreville, em meio a floresta equatorial.

A Vale não comenta seus negócios no país, mas a expectativa de sua chegada é grande, uma vez que a exploração da reserva de Belinda, com seu potencial de mais de 30 milhões de toneladas anuais de minério de ferro, representa investimentos da ordem de US$ 3 bilhões em infraestrutura e exploração. O valor é quase o dobro do que a empresa gasta hoje em projetos localizados em Moçambique, Guiné e Zâmbia.

A expectativa era que a chinesa CMEC iniciasse seus trabalhos neste ano, mas nada saiu do papel até agora. O principal problema seriam os estudos ambientais entregues pela empresa, que foram contestados por técnicos do governo e que estão em revisão.

O atraso faz com que o governo reveja o que foi iniciado no mandato anterior, do presidente Omar Bongo Ondimba, pai do atual presidente e que ficou no poder por 42 anos.

Brasil x China

A volta da Vale mostra uma virada no jogo Brasil versus China por espaço no continente africano. E agora, com uma nova aliada: a Petrobras, que segundo Chambrier está a um passo de iniciar sua operação no Gabão.

"Estamos terminando as negociações para a parceria com a Petrobras na exploração de petróleo em águas profundas no Gabão", disse o ministro ao Brasil Econômico.

O caminho da Petrobras está bem sedimentado. A estatal brasileira adquiriu em junho passado 50% de dois blocos de exploração offshore, Ntsina Marin e Mbeli Marin, da empresa inglesa Ophir Energy. Ambos estão localizados na bacia costeira do Gabão, que possui muitas similaridades com a formação da costa brasileira, segundo pesquisas.

O acordo, que ainda não foi formalmente autorizado pelo governo do país, compreende a exploração de uma área de 6.683 quilômetros quadrados, em profundidade de até 2.40 metros e obrigação de executar um programa de varredura sísmica 3D em uma área de 2.000 quilômetros quadrados, até março de 2012.

Chambrier afirma que a exploração de petróleo no pré-sal é, juntamente com a mineração e a transformação da madeira, as maiores riquezas do país, que, no entanto, não tem tecnologia, estrutura e pessoal capacitado para explorar nenhuma delas. O Gabão importa praticamente tudo o que consome, de alimentos a serviços.

Mas está em processo de mudança. O atual governo do presidente Ali Bongo Ondiga, no poder há três anos, vem facilitando a entrada de companhias estrangeiras. Mas com uma condição: a transferência de tecnologia e a capacitação de profissionais gabonenses para o mesmo trabalho que os estrangeiros irão realizar.

"O Gabão é um país aberto para todos os parceiros, europeus, americanos, asiáticos...", diz. Resta saber que tipo de tecnologia a Vale e a Petrobras estão dispostas a ceder.
Brasil Econômico

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