terça-feira, 13 de setembro de 2011

Romênia reabre debate sobre exploração da mina de ouro mais valiosa da Europa

www.simineral.org.br

13/09/2011

O debate sobre a mina de ouro de Rosia Montana, na Romênia, uma das mais antigas e a mais rica da Europa, ganhou força após o apoio ao projeto de exploração demonstrado pelo presidente romeno, Traian Basescu, na sua visita à localidade na semana passada.

"Todo país que tem recursos deve utilizá-los", declarou Basescu, que encontrou a previsível oposição de ecologistas e de boa parte da sociedade civil pelos possíveis efeitos nocivos ao ambiente e ao patrimônio cultural.

Situada no centro do país, na região da Transilvânia, a tradição mineira de Rosia Montana remonta à época romana, e segundo várias estimativas, guarda sob a terra mais de 300 toneladas de ouro e 1,6 mil toneladas de prata.

Com os elevados preços dos metais preciosos da atualidade, a expectativa é que a mina produza uma receita US$ 18 bilhões em seus 18 anos de vida útil.

Além da criação de centenas de postos de trabalho em uma região onde o desemprego atinge 80% da população, o Estado romeno receberia US$ 4 bilhões segundo as estimativas mais otimistas.

A polêmica sobre sua exploração começou em 1997, quando o Governo romeno cedeu os direitos sobre a mina à sociedade canadense Rosia Montana Gold Corporation, que tem uma participação do Estado romeno de 20%.

Várias campanhas internacionais ecologistas e de defesa do patrimônio e obstáculos legais evitaram que a empresa obtivesse as permissões necessárias para começar a trabalhar, mas o súbito e contundente posicionamento do presidente Basescu pode mudar a situação.

Movimentos ecologistas e várias instituições da sociedade civil denunciam que os trabalhos para a extração do ouro produzirão cerca de 200 milhões de toneladas de resíduos de cianureto, que ficariam depositados na região.

Os opositores à exploração da mina lembram a catástrofe ecológica de 2000, quando 100 toneladas de cianureto procedentes de uma mina de ouro romena foram depositadas no rio Somes e chegaram ao Tisza e ao Danúbio.

Além disso, os ecologistas alertam que uma face da montanha seria danificada e seriam destruídas ainda as ruínas romanas e pré-romanas da localidade, que a Romênia quer incluir no Patrimônio da Humanidade da Unesco.

Por sua parte, a empresa e os partidários da exploração enfatizam os benefícios econômicos e insistem no uso de tecnologias limpas e modernas e em numerosos investimentos na restauração do patrimônio arqueológico.

O destino de Rosia Montana também é motivo de polêmica entre os quatro mil moradores do povoado, divididos entre aqueles que querem um trabalho na mina e os que veem na exploração o fim de toda alternativa para o desenvolvimento da região.

Segundo relatório contra o projeto da Academia de Estudos Econômicos da Universidade de Bucareste, o ouro e a prata não são uma necessidade para a economia de um país como o gás ou o petróleo, principalmente depois que o Banco Nacional da Romênia anunciou que tem suficientes reservas de ouro.

Porém, Basescu pede o início da exploração "o mais rápido possível" e convoca à classe política a tomar a "decisão correta" e o diretor-geral da Rosia Montana Gold Corporation espera obter as autorizações necessárias para 2012 e tirar o primeiro lingote de ouro entre 2014 e 2015.
Bol

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